Muitas ruas de São Paulo, inclusive na região central, são caminhos antigos traçados ainda no tempo do Brasil colônia ou até mais para trás, nos chamados peabirus, que são trilhas ancestrais feitas por povos indígenas que remontam de mais de 3 mil anos, conectando não só o nosso país como também Paraguai, Bolivia e Peru. Entretanto existem ruas do centro que foram abertas já no século 20, como essa a seguir.

Localizada no chamado “Centro Novo” (região central do lado oeste do viaduto do Chá, como rua Xavier de Toledo, praça da República e arredores) a rua Marconi é dessas vias que surgiram já no decorrer do século 20.
Antes de ser aberta como via pública a rua Marconi era parte do terreno que pertencia ao médico cirurgião austríaco naturalizado brasileiro Walter Seng, que foi figura paulistana relevante nas primeiras décadas do século 20. Falecido em 1931, Seng foi bastante atuante no cenário médico, tendo trabalhado primeiramente no Rio de Janeiro, então capital federal, e posteriormente na capital paulista tanto em seu consultório particular quanto em hospitais como Santa Catarina e a Beneficência Portuguesa.

Pouco após sua morte seus filhos dividiram os bens e o terreno foi loteado para a construção de novos empreendimentos, porém a família decidiu doar uma grande parte daquelas terras para a prefeitura de São Paulo que com isso optou por abrir uma nova via ligando as ruas 7 de Abril e Barão de Itapetininga.
Inicialmente os filhos de Walter Seng manifestaram o desejo de que a rua fosse batizada com o nome do médico, no entanto a proposta não foi aceita pelo então prefeito, Fábio Prado, pelo fato de em 1932, poucos meses após sua morte, a antiga rua Almirante Marques Leão, na Bela Vista, já havia recebido seu nome.
Sendo assim, em 12 de janeiro de 1938, a rua foi inaugurada e oficialmente batizada com o nome Marconi, em homenagem ao físico italiano Guglielmo Marconi, nobel de física e inventor da telegrafia sem fio. A rua tem uma movimentação intensa de pedestres durante o dia e desde 1974 é vedada a veículos

Respostas de 13
1) A primeira imagem parece um local de bombardeio da Segunda Guerra…e os veículos estacionados colaboram para isso. Se a foto é da década de 40, tendo a inauguração de via sido em 1938, então, ou ela foi mal feita(buraqueira) ou as construções que aparecem nos dois lados da rua dão a impressão de um desleixo;
2) Belo cartão-postal;
3) Nas últimas vezes em que passei por ela, fiquei incomodado/triste com tantas portas comerciais fechadas, e o chamado comércio informal dominando. E pelo jeito, só piorou…
Deveria ser mais barato, deveriam facilitar mesmo para o comerciante em potencial alugar um imóvel no centro. Penso que todos sairiam ganhando. Com o valor do aluguel, que deve ser estratosférico, muitas das portas permanecem fechadas. E os informais dominam. Aí, é a cena gritante: porta comercial abaixada, e a banca do informal logo à frente. Por que não incentivar a locação, com preços mais acessíveis?
As respostas para suas questões, para seu ponto de vista (absolutamente correto, cumpre registrar), são as seguintes, as quais já ouvi de mais de um proprietário, tanto de ponto comercial, quanto de imóvel residencial localizados no Centro:
“Não vou baixar o preço; o mercado está aquecido, todo mundo cobra alto’; ou ‘ não tenho que fazer caridade para vagabundo’ (sério, tem uns dementes que afirmam isso, alugar mais barato que a média de mercado é ‘caridade com vagabundo’…); ou então,’ o imóvel é meu, faço o que quiser. Vou deixar fechado o tempo que quiser, esperando valorizar’. e daí para pior.
E claro, quem critica essa mentalidade absolutamente torpe, limitada, vazia e mesquinha é ‘vagabundo’, ‘fracassado’, ‘preguiçoso’, ‘quer viver no mole’…
Obrigado pelo comentário, Alex!
Bem, a prefeitura poderia dar algumas soluções, como aumentar drasticamente o IPTU para imóveis comerciais vazios na região central e reduzir o IPTU para quem for alugar
Poderia e deveria fazer isso, aliás, são ideias propostas há tempos e serem implantadas de fato, nada. Em tempo: há muito imóvel fechado no Centro cuja dívida de iptu já superou o dito valor venal dele! A prefeitura anuncia que desapropria estes imóveis, seguindo a função social da propriedade, que está na Constituição, mas dê um passeio pelo Centro da cidade para conferir isso…
Caro Douglas,
O seu trabalho me traz enorme satisfação pois, paulistano que sou nascido no Ipiranga, me faz matar as saudades da minha terra. Moro em Manaus há 25 anos, vim para cá transferido pela Philips, e confesso que apesar de paulistano tenho uma relação de amor&ódio com minha cidade. Amor, por tudo que ela é, bela, próspera, acolhedora, clima bom, e por tudo que nela vivi. O ódio fica por conta de que ela perdeu aquele ar do passado, talvez por não respeitar justamente o patrimônio arquitetônico e histórico, e deixar que o progresso atropelasse tudo. Uma pena.
Mas as suas publicações fazem o amor pela cidade prevalecer.
Muito obrigado
Para mim, verdadeiro capítulo no livro da minha vida. Foi no n° 34, 1° andar, da rua Marconi, escritório de advocacia de prestigiado advogado da família Noschese , como ofice-boy, aos 13 anos de idade, comecei a trabalhar. Diga-se, sem registro oficial. Era o ano de 1958, Brasil campeão mundial futebol.
São Paulo, principalmente o centro é uma sombra, uma lembrança do passado, símbolo do abandono, insegurança, sujo, dá uma tristeza de ver a que ponto chegamsos, uma decadência irreversível, me sinto um estranho na cidade em que nasci, cheguei a andar de bonde, as pessoas eram mais educadas, solidárias, fiquei velho, apenas um número a baixar nos registros.
Meus padrinhos de batismo moravam e eram zeladores do Edifício São Lucas, localizado no número 53, salvo engano.
Lembro-me, com saudade, de quando criança em idade escolar, passar férias por ali, uma vez que residia na zona leste.
Grato pela lembrança!
Na década de 80, passava nessa rua para comprar doces na doceria Cristalo para a minha namorada e hoje minha esposa. Muitas pessoas passavam nessa rua e o comércio era vibrante.
Pena que tudo acabou.
Há um antigo edifício na rua Marconi chamado “Dr. Walter Seng”, que homenageia o outrora proprietário do terreno.
Sim, o prédio foi construído pelos herdeiros.
O Escritório de advocacia PIVA ADVOGADOS nasceu basicamente lá! Em 1992, na rua Marconi, 48 – em uma sala única de número 24, no 2o andar, porém logo após crescemos para as salas 22 e 23. Foi muito difícil o começo mas com muita dedicação e trabalho conseguimos crescer. Hoje estamos no bairro do Brooklin e ainda crescendo.