Nem sempre escrevemos sobre imóveis famosos, mas a necessidade de se registrar as mudanças na cidade fez com que a São Paulo Antiga tenha o maior acervo de imóveis mantidos ou desaparecidos da cidade.
Isso se faz necessário, pois as transformações estão ocorrendo, atualmente, de uma maneira muito rápida e por diversos motivos, seja pela especulação imobiliária, seja pelos métodos construtivos cada vez mais rápidos ou seja pela transformação natural da cidade.
Neste artigo tratamos do desaparecimento de uma fábrica, um galpão, ou um conjunto de galpões que ocupavam todo um quarteirão entre as ruas do Glicério, Teixeira Leite, São Paulo e o viaduto do Glicério, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo.

Neste conjunto de prédios funcionava desde muito tempo o inicialmente conhecido como Instituto Terapêutico Reunidos Labofarma S.A. do qual pouquíssimas informações consegui.
No local desde pelo menos 1945 quando recebeu a visita de participantes do 2º. Congresso Médico Paulista lá permaneceu até alguns anos atrás quando o prédio foi esvaziado e agora, no final de 2024, demolido.

O Labofarma era uma subsidiária do laboratório farmacêutico alemão Degussa S.A. e era referido como “Divisão Labofarma”. Em 1993 passou a fazer parte de outro grupo alemão, desta vez o ASTA Medica AG, sob o nome de ASTA Médica Ltda. Posteriormente, em agosto de 2003 a empresa teve seu CNPJ baixado quando tinha como sócio um dos fundadores do Laboratório Aché.
Podemos imaginar o movimento econômico e de pessoas na região por conta da presença da Labofarma e de tantas outras empresas instaladas na região. Esta característica predominantemente fabril foi desaparecendo e o bairro se degradando, porém o atual movimento de se povoar a baixada do Glicério com moradias pode ser a grande virada de um bairro tão próximo ao centro e, ao mesmo tempo tão esquecido.

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Crédito das imagens Google Street View
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Se não me engano neste lugar esteve instalado anteriormente o ‘Laboratório Licor de Cacau Xavier’ que foi adquirido por Assis Chateaubriand em 1937. O laboratório fabricava produtos farmacêuticos populares — principalmente xaropes. Entre diversos itens, o Conhaque de Alcatrão Xavier; o Elixir Xavier [para a sífilis] e as Pílulas Xavier [para o amarelão]. Posteriormente [na década de 1960], conheci bem o local pois residi no nº434 [onde havia um restaurante típico japonês]. O tio de meus primos pertencia ao corpo de guarda civis que ficava do outro lado da Glicério — onde hoje passa o malfadado viaduto. No passado, o antigo curso do Rio Anhangabaú passava exatamente nesta esquina do laboratório.
Obrigado pela suas informações, mas pelo que pudemos apurar até o momento, o Laboratório Licor de Cacau Xavier ficava na Rua Freire da Silva, 98 no Cambuci, então próximo do Glicério. De qualquer forma vamos nos aprofundar no assunto.
Estimado Vignoli, bom domingo. Com toda certeza, o Laboratório de Licor de Cacau Xavier esteve instalado neste lugar. O célebre jornalista e empresário Assis Chateaubriand [o Chatô] por algum motivo resolveu [em 1937], investir neste ramo farmacêutico de produtos populares. Há livros mencionando o fato. Presumo, por alguma sugestão do personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Um abraço a todos.
Conheci bem. Trabalhei na Degussa S/A por dez anos. Pense em uma empresa boa, ficava em Guarulhos/SP. Hoje acho que só em São Paulo. Estava lá quando a Labofarma foi vendida para o Laboratório Asta Médica. Aí já era no prédio do famigerado Joelma e posteriormente foi vendida par o Laboratório Aché de Guarulhos. Boas lembranças.
Moro no Centro e trabalho na região do Glicerio. Esse endereço é meu caminho diário.
Este prédio sempre me chamava a atenção pelo seu grande tamanho e o seu bom estado de conservação, em uma área há tempos conhecida pelo abandono e degradação.
Foi realmente uma pena quando começaram a pô-lo abaixo.
Trabalhei na Degussa de Guarulhos de 1987 a 1996 e visitei a Labofarma algumas vezes. Lá tinha um bote usado no caso de enchentes, comuns no local.
É uma grande decadência que se vê no bairro, como também a triste imagem do prédio morrendo aos poucos.