Sobrado demolido – Rua dos Trilhos

Nunca deixe para fazer amanhã aqui que você pode fazer hoje. Essa máxima valeu muito para mim em relação a este sobrado encantador que sempre admirei e tirei apenas a foto abaixo:

Localizado no número 1403 da rua dos Trilhos, na Mooca, esse sobrado antigo sempre me chamou a atenção pelo seu ótimo estado de conservação. Uma rara construção preservada nessa rua deste bairro que já sofreu bastante transformações.

Quando passei tirei essa foto e estava na correria do dia a dia e não quis descer do carro, atravessar rua e bater mais fotos. “Amanhã ou depois eu volto” pensei. Foi uma péssima decisão, afinal eu só voltei no lugar quase dois meses depois e ai foi tarde demais, ele já havia sido demolido.

Fiquei tão chocado que nem tirei foto, apenas constatei o triste fim de uma casa tão bem preservada e bela que precisei de um tempo para me recuperar. Que tristeza, que tristeza. O sobrado ficou um tempo à venda e foi rapidamente colocada abaixo após a conclusão do negócio, no dia que passei nem o pedaço acima, extraída do Google Street View, existia mais. A única coisa poupada foi a árvore.

O que foi construído no lugar, um edifício chamado Condomínio Lina, mostra o quanto a especulação imobiliária em São Paulo está destruindo o que podemos chamar de morar bem, morar confortavelmente. Saiu uma casa enorme, para entrar um prédio de arquitetura confusa, que mais parece duas ou três caixas de sapatos empilhados com apartamentos de, pasmem, 13 a 28m².

É preciso reconhecer que hoje em dia morar numa casa grande demais, com as proporções dessa que foi demolida não é para qualquer um. Ela demanda custos constantes de manutenção, requer funcionário para faxina, investimento em segurança como alarmes ou cercas etc… no entanto não há qualidade de vida alguma, por outro lado, morar em um lugar tão pequeno como o que surgiu em seu lugar. Lamentável.

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Respostas de 23

  1. Muito triste mesmo, ver construções belíssimas, sendo substituídas por caixonas.

    Arquitetura e história deveriam ser conservadas pelo poder público.

    1. Conheci o último proprietário da antiga casa. Era um imóvel de família. O avô dele construiu, lá pelos idos da década de 30. Era um belo sobrado. Pena. Belém e Mooca estão se resumindo em prédios.

  2. Se não me engano, tem reportagem da Laura Cassano do SPTV2 de alguns meses atrás sobre esses prédios com apartamentos bem pequenos, alguns que ela mostrou não tinham autorização para construção… e é uma pena não haver incentivo para manter construções antigas como essa.

    1. Que estranho, além da nova construção ser de gosto duvidoso, invadiram todos os recuos. Se for com a benção da PMSP, certamente em alguns anos, a capital será um das cidades mais feias e sub-humanas do planeta.

  3. É lamentável o que está acontecendo com as casas de São Paulo.
    Estão demolindo lindas casas como se fossem lixo, para construir caixas de sapatos literalmente.
    Esta especulação imobiliária que só visa lucro está acabando com a identidade dos nossos bairros .
    Como a prefeitura libera a construção?
    Estes cubículos enfeiam a cidade impactando o meio ambiente, com mais
    pessoas utilizando um único espaço, utilizando energia elétrica, água e o trânsito fica mais insuportavel.
    Será que a prefeitura não tem profissionais para pensar sobre os problemas que podem causar estas construções sem qualidade de vida?
    Infelizmente estamos perdendo a beleza, espaco, história , e tradição de nossa cidade.
    É muito triste.
    Não dá para comemorar o aniversário de São Paulo.

    1. Infelizmente, é a realidade que estamos vivendo. A especulação imobiliária está devorando o que devíamos estar preservando, substituindo por construções que se tornam prisões para os cidadãos. O Poder Público? Há muito tempo se rendeu ao capital. Nasci e moro num bairro da zona leste de São Paulo. Assisto, e me assusto, com a ocupação desenfreada do espaço movida pela fome da especulação imobiliária, com a conivência da Prefeitura e da sociedade em geral. Como fica a infraestrutura necessária para atender esse aumento populacional? Isso não se leva em consideração. O preço desta conta é bem alto. E, já estamos pagando bem caro.

  4. A subprefeitura deveria passar as informações para que imóveis como esse, fossem tombados. Para a preservação da memória da cidade. Talvez dando incentivo como a isenção de IPTU para incentivo ao proprietário.

  5. A questão é que a prefeitura entregou a cidade nas mãos de meia dúzia de construtoras/empreteiras e deu carta branca, tudo acontece muito rápido, alvarás são facilitados, não há estudo dos impactos que serão causados na infraestrutura, trânsito, segurança, meio ambiente, etc.. Lamentável!!

  6. Pelo que pude levantar, havia um inventario na propriedade. O terreno dava uns 180,00 metros quadrados. Se nao ha tombamento, e herdeiros querem passar a mao nos cobres, e a frontada da uns 10 metros, virou Pombal para investidores comprarem.
    _______________________________________________________________ Haverao pessoas que preferem estas moradias, tanto como eu prefiria dirigir uma Fiat 124 Spider ( conversivel dois assentos ), e nao um destes trambolhos ( SUVs, crossovers ), porque eu gosto._______________________________________________________Ou seja, nem todos nos somos ovelhas de rebanho…… meeeheeeehhhh

  7. Vejo como é difícil comprar uma casa hoje em dia, acho que muitos querem ter uma casa grande com quintal, mas é tão caro ter isso. Principalmente numa cidade grande. Obrigada pela linda foto.

  8. Moro em P Alegre e também fiquei chocada. Uma casa tão bonita e demolida! Aqui tem o bairro Independência, bem antigo, da época dos casarões e mansões classe A. Cedeu à especulação imobiliária e hoje vemos prédios e garagens dd estacionamento sem nenhum glamour. Perdeu o encanto!

  9. Não conheci o sobrado mas me solidarizo com você na tristeza de ver muitas coisas belas da cidade sendo colocadas abaixo.

  10. Aí gente desapega agora td e modernidade a família deve ter cansado desse sobrado aplauso para ela.
    Morei anos em uma casa estava na hora de mudar.ainda mais sobrado com escada agora estamos morando com conforto.

  11. A maioria desas casas so gera insegurança porque geralmente esta abandonadas caindo aos pedaços .porque a maiorias nao paga iptu muitas delas ja foi ate p divida ativa da prefeitura muita ja estao em leilão quase ninguém tem interesse porque evolve muito dinheiro ou dividas ai unica solução e vender p grandes construtoras ..Lembrando a todos a maioria da vizinhança desas casas abandonadas nao esas casas vazias porque vira abrigo de moradores de rua usuário de drogas que vai gerar so problemas p vizinhanças ⚔️⚡

  12. Sinceramente. Acho triste mas necessário. Sairam poucas pessoas, afortunadas, que moravam em um bom bairro de São Paulo, e entraram dezenas. A vida precisa evoluir, novas pessoas terem o privilégio de morar em bairros com infraestrutura. Não podemos “congelar” os bairros às custas de milhares de pessoas serem obrigadas a morar em bairros distantes. Sou a favor sim. Nesses “prédios feios” moram milhares de pessoas que, antes, só passavam por esses bairros (geralmente vindas de longe). Esses casarões são lembranças de privilégios passados. Bonitos, dá pena de derrubar. Mas a maioria deve ir ao chão para dar lugar a novos sonhos, mais possibilidades. Outras pessoas precisam usufruir da infraestrutura do bairro, e a valores menores. Elas decidem se querem ou não morar em lugares pequenos. É um direito delas.

    1. Entendo seu comentário mas, desculpe-me a sinceridade, ele é pobre de conteúdo e simplista demais. Há muito o que se derrubar para construir novas edificações por ai sem ter que incomodar construções de relevância histórica. Isso que você vê neste caso em particular não é evolução, é especulação. Não virá ninguém da periferia para morar ali pois o preço e as dimensões são proibitivas. A cidade é grande e há espaço suficiente por ai, como também não é preciso construir apartamentos minúsculos. Não vivemos em Tóquio, vivemos em São Paulo onde terreno não é problema.
      Uma ou outra casa histórica, entre milhares de outras, não “congela” bairro algum. Por fim, demolir não é evoluir, é adensar e poluir.

      1. “Pobre de conteúdo”? Conheço mais de uma dezenas de meninos que estão justamente comprando apartamentos pequenos em pequenos prédios levantados onde antes existiam casarões enormes. “São Paulo têm espaço”. Argumento típico de quem mora em regiões centrais, ou pelo menos bem servidas de infra estrutura. Por espaço vc quer dizer São Mateus, Perus, etc. Os outros que vão morar longe dos empregos, dos principais meios de transporte, etc. Que gastem 2 horas em condução. Preservemos os sobradinhos, casinhas, etc. O resto que se lasque. Vamos congelar a cidade, e os bairros com melhor infraestrutura, como eram à 50 ano atrás. Os outros que vão atrás de espaço (bem longe). Existe sim especulação imobiliária. Mas, principalmente, porque existe procura. Ninguém inventa demanda onde não existe.
        Sinto muito por esse tipo de construções. Acho-as lindas. Porém, o velho deve dar lugar ao novo (nesse caso de habitação). Falta de conteúdo é vir com argumentos elitistas disfarçados de “defesa da história “.

    2. Triste seu comentário, você não está entendendo o que é patrimônio histórico. Derrubar casarões que deveriam ser preservados, não vai melhorar a vida de quem mora na periferia, pense nisso.
      Não concorde com as imobiliárias que são as únicas que ganham financeiramente, a custa de destruição.

      1. Entendo sim. Pessoas aparentemente como você que não entendem que acuidade não poderá preservar suas construções em detrimento das pessoas. Poucos imóveis deverão ser preservados realmente. A maioria absoluta será substituída por outros mais novos e de maior capacidade pois novos moradores precisarão morar neles. Precisamos trazer moradores para lugares com mais infraestrutura (onde, geralmente, estão esses imóveis antigos). Infelizmente é assim. Preservar em imagens, vídeos, etc. esse tipo de construção. Sempre estarão em nossas memórias. Mas, a maioria, deve dar lugar a moradias que comportem mais pessoas. Pessoas essas que também merecem morar em bairros mais próximos, mais bem servidos de tudo.

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