O grande livro da Revolução Constitucionalista

A ideia de fazer este livro, que é uma magnífica obra iconográfica, foi do proprietário da Editora Martins Fontes, o combatente de 1932, José Barros Martins.

O livro mede 23cm por 32cm, propositalmente números alusivos ao movimento constitucionalista. Para a seleção documental da obra o editor contou com a colaboração de figuras como o general Euclydes Figueiredo, Uriel de Carvalho e o doutor Carlos Pinto Alves, sendo que este último disponibilizou o acesso à coleção particular que herdou da mãe, dona Nicota Pinto Alves. Todos participantes da Revolução. “Em 1954, enquanto Getúlio se suicidava,  estes grandes líderes da Revolução de 1932, tomavam cafés juntos e faziam suas reuniões para confabular ideias, falar de política e das revoluções em que tomaram parte.” Disse-me o grande Hernâni Donato em certa ocasião.

Lançado em 5 de julho de 1954, o Álbum de Família 1932, segundo os editores “não pretende ser uma história gráfica da Revolução de 1932” ou seja, não é um livro de textos. Na verdade, é como seu nome indica, um álbum de fotos.

É um típico livro de cabeceira para quem necessita consultar imagens da guerra de 32. Contém mais de cem fotos, de ótima qualidade, dispostas cronologicamente. Recordando os fatos notórios e os momentos gloriosos do povo e das lideranças que fizeram aquela revolução.

Da esquerda para a direita: general Bertholdo Klinger, o governador Pedro de Toledo e o general Isidoro Dias Lopes chefes da Revolução Constitucionalista

Concomitantemente, ao passar as páginas, encontra-se diversas capas de jornais, onde é possível ler as notícias. Alguns dos cartazes produzidos pelo Departamento de Propaganda do MMDC, reproduções de documentações relativas ao exílio, cartões postais e até mesmo imagens de outros livros sobre a Revolução. Absolutamente, é um livro espetacular. Foi impresso nas oficinas de “Studgraf – Studio de Reproduções Gráficas Ltda.”

O álbum também apresenta objetos históricos comemorativos da Revolução de 32, utilizando algumas imagens retiradas do “Album Paulista”, lançado em 1935 e que continha a coleção particular de Alfredo Colombo, que ao longo daqueles anos foi coletando broches, flâmulas, distintivos, selos, alianças, anéis, brasões, carteiras, medalhas e medalhões entre outros tipos de objetos, que somam mais de duzentos, confeccionados estritamente com o intuito de contar a história de 32 através da arte. Hoje, século 21, não só as peças, mas o próprio álbum são objetos raros. E serve de referência e catálogo para muitos colecionadores de objetos da Revolução Constitucionalista.

Encontra-se, também, desenhos do famoso caricaturista paulista, conhecido como Belmonte, que desde a década de 1910 trabalhava como ilustrador. Na década de 30, a cada 9 de julho, lançava um desenho inédito, em memória ao movimento constitucionalista, e que estampavam a capa dos extintos jornais, Folha da Manhã e Folha da Noite.

O extraordinário carinho com que os paulistas da geração de 32 olhavam os acontecimentos daquele ano, explica o aparecimento de tudo que foi possível fazer na cultura popular como culto ao espírito que os animaram a dar tudo o que tinha pela causa – que eu, particularmente, estudando, adquiri a consciência de que era nobre, sendo naturalmente, um pleito incontestável dos altos ideais de liberdade e democracia, único sistema compatível com o povo civilizado – chamada de movimento constitucionalista. De modo que, mesmo sem querer, apenas com o zelo e o amor pelo que fizeram, forjaram uma personalidade histórica.

Pelas páginas do livro os jornais que narraram a Revolução Constitucionalista de perto (clique para ampliar)

A Revolução de 32 enchia de luz os 400 anos de São Paulo, comemorado de uma das maneiras mais bonitas durante os anos de 1950 e exatamente 1954. O Álbum de Família 1932 é mais do que um livro sobre a Revolução Constitucionalista, é um culto ao São Paulo de antigamente.

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Respostas de 6

  1. Três comentários:
    1) o Livro Álbum de Família 1932, tem poucos à venda mas tem. Eu comprei a dois minutos na internet.
    2) por muitos anos a associação dos comerciários de SP entregava uns fólderes para varias escolas da capital, eu, mesmo professor de Matemática da EE Fernão Dias Pais, os usava em trabalhos dos alunos sobre a revolução, todos os anos na semana comemorativa ou próximo, conforme o calendário escolar.Os alunos ficavam extasiados, traziam muitas coisas, era um mundo novo para eles, o qual os [professores de história nunca ensinavam, talvez porque nao sabiam! Onde está o patriotismo? A valorização pelo que os nossos antepassados fizeram? Hoje leciono na etec Guaracy e não vejo ninguém sequer falando do assunto!
    3) Gostaria que falassem sobre o município esquecido de Santo Amaro. Ninguém fala dos fundadores, minha família, do último prefeito, também meu familiar, do aniversário da cidade não comemorado, pois na mesma semana fomos convocados para a guerra na revolução, de ter sido o primeiro grupamento a se apresentar ar para a batalha, e da consequência mais nefasta: sua extinção em 1934, por vingança do então presidente Getulio Vargas.

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