Casa Farrabino

Corria o ano de 1930 quando o industrial Alberto Farrabino contratou o renomado arquiteto Rino Levi para fazer um projeto para sua nova residência. Morador da avenida Brigadeiro Luís Antônio, sua nova morada seria em outro local, o Jardim América, novo e cobiçado endereço da elite paulistano.

Projeto da residência de Alberto Farrabino, por Rino Levi (clique para ampliar)

O projeto é apresentado por Levi mas o cliente não gosta do excesso de linhas retas e limpas e pede mudanças no projeto, que recebe vários detalhes ornamentais e até arcos na varanda. Aprovado pelo contratante a obra começa em 1931 e prossegue até o ano seguinte, quando é concluída e passa a ser a nova residência do casal Alberto e Delfina Farrabino e suas filhas. Abaixo você confere os números de telefone da residência em dois momentos, respectivamente em 1961 e 1937:

A ampla e moderna residência não tem apenas a assinatura de Rino Levi, autor de edifícios consagrados em São Paulo, como o Edifício Guarany. A decoração conta com o trabalho do artista plástico modernista John Graz, que faz uma série de afrescos na residência.

A família viveu no imóvel por décadas até que posteriormente os herdeiros vendem o imóvel para o empresário paulistano Nelson Gebara. Não temos dados claros sobre se Gebara viveu no imóvel ou apenas o colocou para locação, entretanto o imóvel no início da década de 1990 já constava como tombado como patrimônio histórico pelo Condephaat, mesmo apresentando-se em mau estado de conservação (embora recuperável).

A residência quando concluída, em 1932 (clique na foto para ampliar)

A DEMOLIÇÃO:

Era fevereiro de 1994 quando o proprietário Nelson Gebara, de maneira inescrupulosa, mandou demolir a residência icônica localizada no número 1053 da rua Estados Unidos. A decisão de demolir a residência foi à revelia da Secretaria de Cultura do governo paulista, uma vez que a edificação já era tombada como patrimônio histórico estadual. Agindo como um completo ignorante, Gebara disse na época à reportagem da Folha de S.Paulo que o imóvel era dele e por isso poderia fazer o que bem entender. Não era assim.

A residência sendo demolida em fevereiro de 1994

A demolição contou também com a destruição, a base de marretadas, do conjunto de obras artísticas de 1933 do artista modernista John Graz. Ignorante em sua essência Nelson Gebara não se comoveu e alegando que as obras eram irrecuperáveis, o que não era verdade, e não autorizou sequer sua transferência de lá, algo que já havia sido inclusive orçado. Nada restou do imóvel ou das obras de Graz.

Felizmente Gebara não era dono do Coliseu, da Torre de Piza ou similares. Possivelmente estariam destruídos. Abaixo veja mais duas fotografias da década de 1930 e a foto dos afrescos, já deixados para serem destruídos em fevereiro de 1994.

O QUE EXISTE LÁ HOJE:

Após a demolição as notícias sobre o local desaparecem dos jornais até o final da década de 1990, quando a área é adquirida, junto com outro lote vizinho, pelo consulado da República Popular da China que ali constrói o seu novo consulado. Até os dias atuais a área segue pertencendo aos chineses.

DADOS COMPLEMENTARES:

Casa Farrabino
Proprietários: Alberto Farrabino, posteriormente Nelson Gebara
Construção: 1931 a 1932
Arquiteto: Rino Levi
Decoração: John Graz
Estrutura: Concreto
Endereço: Rua Estados Unidos, 1053 – Jardim América
Situação: Demolido em 1994
Tombado: Sim – Condephaat
O que existe no local: Consulado da R.P da China

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

Folha de S.Paulo – edição de 14/2/1995 – caderno 3 pp 6
Rino Levi, Arquiteto – Serviço dos Países (1940) – pp 8, 9
Correio Paulistano – edição de 30/8/1923 – pp 8

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

Casa – Alameda Barão de Piracicaba

Casa abandonada na Alameda Barão de Piracicaba, nos Campos Elíseos, região central da cidade. O antigo imóvel foi bastante desconfigurado e é preciso um certo esforço para notar a arquitetura original do imóvel, que ainda persiste na parte superior da fachada.

Leia mais »

Respostas de 2

  1. Revoltante! Um criminoso esse Nelson Gebara! Pra mim, crimes ao patrimônio histórico tinham que ser inafiançáveis e com prisão perpétua sem regalias.

  2. Infelizmente memória histórica para alguns empresários não tem qualquer relevância, apenas o dinheiro que acumulam tem algo que os faz feliz e realizados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *