Um dos endereços mais elegantes de São Paulo, a avenida Angélica corta os bairros de Santa Cecília e Higienópolis, na região central, e é repleta de construções antigas e relevantes para a memória arquitetônica da capital paulista. Por lá encontramos tanto casarões, quanto chalés, palacetes e até prédios que são tombados como patrimônio histórico.
Uma dessas residências, das mais preservadas, e que estava vazia há alguns anos, finalmente vai voltar a ter vida ativa novamente, abrigando um estabelecimento que faz parte da memória afetiva e da admiração dos paulistanos: a Livraria Cultura.
Localizada no número 1212 da avenida Angélica, bem na esquina com a avenida Higienópolis, o imóvel foi anunciado pela Cultura como seu novo endereço. Em abril a rede fechou as portas de sua tradicional unidade localizada na avenida Paulista após resultarem como infrutíferas as negociações do valor do aluguel com o proprietário daquele espaço.
O casarão que será ocupado pela tradicional livraria paulistana tem 505m² de área construída e ao menos até o mês de maio estava anunciado para locação em imobiliárias especializadas da região pelo valor de R$120 mil mensais. Por se tratar de um imóvel em área bem localizada e valorizada da capital o IPTU também não é nada barato, estando estimado em aproximadamente R$12 mil mensais. A Cultura não divulgou se o valor acertado para locação é este anunciado ou se baixou com alguma negociação.
O belo imóvel não será o único endereço físico da Livraria Cultura, uma vez que o grupo já anunciou que também terá uma unidade em uma galeria no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Uma das principais livrarias da história da cidade de São Paulo a Cultura foi fundada em 1947 por Eva Herz e especialmente nas décadas de 1980 e 1990 teve um crescimento notável, chegando, em seu auge, a ter 1.3 mil funcionários e faturamento de R$230 milhões. O declínio do grupo começou na metade da década passada com a crise enfrentada pelo mercado editorial e pelo surgimento de concorrentes pesados de e-commerce de livros. Chegou a pedir recuperação judicial em 2018 e posteriormente teve a falência decretada pela justiça.
Pedro Herz, filho da fundadora, foi o nome mais conhecido a frente da Livraria Cultura e faleceu em março deste ano aos 83 anos.
A HISTÓRIA DO CASARÃO
Agora que o futuro, ao menos próximo, deste casarão não é mais novidade é hora de contar um pouco da história que este imóvel tem.
Tombado como patrimônio histórico paulistano desde 2013, o casarão em estilo neocolonial da avenida Angélica 1212 (antigo 1170) foi construído durante a década de 1920, tendo sido projetada pelo engenheiro Alexandre Ribeiro Marcondes Machado para ser a residência do médico paulistano Adolpho Schmidt Sarmento (*1883‐+1939).
Formado em medicina, em 1906, no Rio de Janeiro, Sarmento chefiou serviço de otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo até o seu falecimento, aos 56 anos. Era casado com Laura Beatriz de Moura Ribeiro Schmidt e teve três filhos: Carlos Adolfo, Lúcia Beatriz e Luis Alberto.
Após o falecimento de Sarmento seus familiares ficaram morando no imóvel ainda por alguns anos, posteriormente o imóvel foi transformando em pensão por um breve período de tempo e, no final da década de 1950, foi alugado ao médico V. Brito que abriu sua clínica no espaço. Nos anos mais recentes o imóvel foi usado como agência bancária do Bank of Boston e Itaú Personnalité.
Como curiosidade seu vizinho na mesma esquina do outro lado da rua era a lendária Villa Nina, o qual já contei a história aqui no site.
Vida longa à Livraria Cultura e ao casarão! Abaixo veja mais fotografias do imóvel (clique para ampliar):
Respostas de 7
Qua absurdo até hoje famílias a espera desses caloteiros pagarem os direitos trabalhistas após decreto falência, e eles procurando se reerguer no Luxo?Engraçado porque será que o antigo proprietário do espaço no Conjunto Nacional não quis negociar melhorias de valores do aluguel anterior?Alguém sabe? De 100% dos funcionários conheço, 99% nunca receberam seus direitos pós recuperação Judicial,mesmo entrando em ação. Será que ao menos estavam pagando o proprietário do imóvel? Ou estava assim como os demais funcionários, a espera de um milagre da justiça Brasileira? E as Editoras? Devem ter pago pra continuar comprando né, porque quem eles continuam ferrando são os braçais da limpeza que zelava da segurança que cuidava do patrimônio ao vendedor que gerava vendas sobre vendas. Paguem primeiro o que devem pra depois seguir, ou o abismo do poço será em breve caloteiro não próspera estamos de longe mais bem perto assistindo o episódio da roda gigante.
Querido anônimo costa, como vão se reconstituir e pagar o que devem sem a recuperação?
Certamente tomaram decisões péssimas que levaram a falência, mas antes se recuperarem com dinheiro novo e com novos meios de negócio (e.g., os livros hj são pagos com antecedência, além de lançamentos pagos) e poderem pagar as dividas, ainda que com desconto e parcelado, do que o calote absoluto.
Parabéns pela iniciativa da nova LIVRARIA CULTURA. Manter um imóvel histórico em pé é um dever da prefeitura da cidade de São Paulo. Todos esses imóveis deveriam ser isentos de IPTU.
Um dado curioso que acrescenta interesse à história: o engenheiro autor do projeto era também escritor, produzindo obras com um dialeto muito particular inspirado na fala dos italianos, as quais assinava com o pseudônimo de Juó Bananère!
Estão querendo abrir 02 novas lojas , e pagar os direitos trabalhistas dos funcionários até agora nada, inúmeros processos trabalhistas, inclusive já sentenciados e habilitados junto a carta de credito no processo de de recuperação judicial e até agora nada, são varias famílias que derramarão seu suor trabalhando, perderam tempo precioso com seus familiares para estarem ali trabalhando se dedicando e foram demitidos sem receber seus direitos.
Nossa justiça e mesmo uma vergonha ” Livraria Cultura” paguem o que devem aos trabalhadores.
A Livraria Cultura mantendo o site e abrindo loja nova enquanto dá calote em compradores, é uma palhaçada. O meu caso e o de muitos estão lá no Reclame Aqui, de pedidos feitos e pagos no início do ano e até hoje não recebidos
VERGONHA! CALOTEIROS!