São Paulo do dinheiro: a cidade como centro financeiro, ontem e hoje

Quem pensa na cidade de São Paulo hoje certamente tem algumas palavras-chave em mente: metrópole, caos urbano, trânsito, população, gigante, etc. Outro aspecto relevante, e esse o destaque do artigo, é a importância da cidade como coração econômico e financeiro do Brasil.

Nem sempre foi assim, porém, e ao longo da história a megalópoles que conhecemos hoje se modificou muito. Seus centros econômicos, por sua vez, também passaram por sérias modificações, tanto nos produtos, ativos e prioridades quanto nos seus epicentros físicos.

Crédito: Guilherme Madaleno (clique para ampliar)

Da mesma forma que a Bolsa de Valores foi fundada no final do século 19 por conta da economia girando em torno do café, atualmente a região da Faria Lima virou sinônimo de atividade financeira de vanguarda. O que já foi conversas sobre o preço do café, agora o assunto também inclui o valor do Bitcoin hoje, índices internacionais concedidos por corretoras e muito mais.

Vamos relembrar, então, o que a São Paulo gigante econômica viveu ao longo dos seus mais de 470 anos de história, e até mesmo nos permitir um exercício de projetar para onde ela irá no futuro.

São Paulo nem sempre foi sinônimo de riqueza

Quem pensa na megalópole que se tornou São Paulo (e que segue em crescimento) dificilmente relaciona o que ela é hoje com sua origem, surpreendentemente humilde.

Fundada na então Capitania de São Vicente, em 1554, o embrião do que viria a ser a gigantesca cidade era um vilarejo pobre, que produzia basicamente gêneros alimentícios primários e pequenas confecções com barro.

Menos de 400 anos depois, porém, São Paulo passaria de vila para cidade com ares provincianos, mas a partir da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, as coisas começam a mudar – e, com o início do plantio de café, um pouco depois, as engrenagens do crescimento econômico começam a girar, e até hoje não pararam.

Ascensão: a Bolsa de Valores no Centro

A criação da Bolsa de Valores coincide com o final do Segundo Império e início da República no Brasil, já que Rangel Pestana criou a Bolsa Livre em agosto de 1890, menos de um ano depois da deposição e expulsão de D. Pedro II e sua família do país.

Como seria de se esperar, durante seus primeiros 30 anos a Bolsa focava naquilo que o Brasil mais negociava e que era basicamente sinônimo no mercado internacional: café. Mesmo mudando de nome ao longo do tempo, essa commodity sempre foi o forte.

Em 1934, já durante os anos da crise econômica iniciada pelo crash da Bolsa de Nova York, em 1929, a então Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, herdeira da Bolsa Livre (extinta em 1894) fez do Palácio do Café, próximo ao Pátio do Colégio, sua sede.

Embora tenha passado por diversas mudanças, a Bolsa de Valores de São Paulo, hoje simplesmente B3, nunca saiu do centro, e segue no prédio histórico na Praça Antônio Prado. Impossível dizer, porém, que todo o setor de economia de São Paulo, a mais poderosa do país, está atrelado ao Centro Velho hoje, apenas.

Avenida Paulista: transições

Embora até hoje esteja no centro, a Bolsa de Valores não é nem de longe o único marco financeiro relevante que São Paulo tem – muito pelo contrário. Embora seja possível listar diversos lugares na cidade, é inegável que a primeira imagem que vem na cabeça quando falamos “centro financeiro” ainda é a Avenida Paulista.

Um dos pontos mais altos da cidade, era onde os barões do café mantinham seus palacetes – alguns ainda de pé hoje. Com o passar dos anos, porém, a avenida foi ganhando cada vez mais marcos relevantes para a economia e o setor financeiro como um todo.

Ainda hoje, muitas empresas mantêm suas sedes na Paulista, e é lá que está também, entre outros edifícios, a sede da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A avenida representa, principalmente, um marco temporal de quando São Paulo transacionou de polo industrial secundário para centro da economia terciária nacional – isto é, serviços e negócios.

Faria Lima e o futuro

Claro que ambos centro e Paulista – para não citar diversas outras regiões – continuam relevantes como epicentros financeiros paulistanos. Inegável, porém, que a vanguarda econômica agora está na avenida brigadeiro Faria Lima, um fenômeno de tamanha força que criou até estereótipos populares de quem trabalha na área financeira lá – os “faria-limers”.

De fato, a região da Faria Lima hoje se tornou o polo das fintechs, corretoras, assessorias e serviços correlatos da área econômica. É por lá também que entram inovações que acabam impactando, às vezes no curto prazo, toda a economia nacional – vide as criptomoedas.

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