Um dos bairros mais conhecidos e antigos de São Paulo, a Luz, tem sua origem bem lá atrás, pouco tempo depois da fundação da cidade, já em 1583, quando o chamado Campo do Guaré foi doado a Domingos Luiz, o carvoeiro. Foi ele quem mandou erigir a primeira igreja da região, a Nossa Senhora da Luz, que posteriormente determinaria o nome do bairro.
O nome original “Guaré” vem da língua indígena e significa literalmente “matas em terras alagadas” mostrando que a sabedoria dos povos originários das terras paulistanas quanto a preservação das margens de rios era grande, coisas que nós, séculos depois, não soubemos fazer e causamos trágicas enchentes à região, algo que ainda persiste em certos pontos próximos.
Adiantando para o século 20 você já viu como era a Luz e seus arredores mais próximos em fotografia que mostra a região do alto? Em 1928, muito provavelmente da torre da estação da Luz, a vista era exatamente esta a seguir:

Certamente a imagem mostra um cenário bem diferente do que estamos acostumados a ver hoje em dia, mas com algumas transformações urbanas que foram feitas à época para uma cidade que já estava em franco desenvolvimento. A mais notada delas a abertura no ano anterior, da rua Vinte e Cinco de Janeiro à direita da igreja de São Cristóvão (canto esquerdo da fotografia) onde é possível ver uma grande área verde ao fundo. Se observar bem é possível até ver o Mercado Municipal da Cantareira já em fase bem adiantada de construção.
Já a fotografia abaixo avança 24 anos no tempo mostrando a mesma região na década de 50, precisamente em 1952:

Os primeiros grandes edifícios já surgiram na região, onde podemos ver concluído na extrema direita o prédio de nove andares que atualmente abriga uma repartição pública. Ao seu lado, em fase avançada de construção o edifício São Francisco, residencial, que é o primeiro arranha-céu desta região. No meio da foto, chaminés que não existiam em 1928 dão as caras e aquela área verde que existia desapareceu.
E como é observar o mesmo local atualmente, em pleno ano de 2024? A fotografia abaixo que fiz com o auxílio de um drone mostra o cenário quase um século depois da primeira imagem, confira:

O cenário mudou bastante especialmente no horizonte, que mostra a região leste de São Paulo totalmente tomada por grandes edifícios. Nas proximidades da estação da Luz algumas construções antigas seguem preservadas, como a que está bem no finalzinho da rua Florêncio de Abreu, ao lado do edifício São Francisco. As chaminés da região sumiram e deram lugar mais prédios.
Por fim a avenida Tiradentes foi alargada reduzindo consideravelmente a área aberta por onde víamos nas duas primeiras imagens as composições chegando até a estação de trem. Outra construção antiga que conseguimos ver escondida entre prédios e árvores é a Vila dos Ingleses, na rua Mauá.
Que as mudanças foram drásticas já sabemos, mas o que mais além do que eu já descrevi acima você consegue observar que mudou? Escreva o que viu nos comentários abaixo.
Respostas de 3
Que maravilhosa notícia!mais um centro cultural acaminho! Que estimule outros tombamentos no bairro!
O que pude observar é o simples fato de terem conseguido acabar com a belíssima cidade de São Paulo dos anos 20/30, com um planejamento urbano caótico e esteticamente agressivo, desvalorizando e intimidando a população no qual se podia caminhar por belíssimas construções.
Região de alagadiço? De jeito nenhum, Estação da Luz nunca teve enchentes, está no mesmo nível da Igreja de Santa Ifigênia.
No dia que tiver enche neste local, o Vale do Anhangabau virou um oceano.
O desnível com o Rio Tamanduatei e de 15 mts, conforme Mapa de Levantamento Topográfico da Cidade de São Paulo.
Corrigi esta informação em Estação da Luz em Wikipedia