Belas Artes & Cine Bijou: Dois Cinemas, Duas Realidades

Poucos são os cinemas em vias públicas que sobrevivem em meio à comodidade dos shoppings centers.

O encantador Cine Belas Artes está na UTI e seu estado é, aparentemente, irreversível. Sua morte foi anunciada para o final de fevereiro e seu “enterro” bem que poderia ser no Cemitério da Consolação, já que este cinema nasceu no logradouro que leva o mesmo nome do cemitério, Rua da Consolação, 425.

Crédito: Agência Estado – 10/06/1985 / Joveci C. de Freitas

Ao longo dos seus 68 anos o Belas Artes viu a cidade crescer e se transformar em um pólo turístico e cultural. Nascido como Cine Ritz em 1943, após 15 anos, passou a se chamar Cinema Trianon permanecendo até 1967 quando se torna o Cine Belas Artes. Essa denominação perpetuou-se até os dias de hoje.

A realidade é que cada vez mais difícil um cinema se manter sozinho nas ruas paulistanas. Desde a década de 1980 até os dias de hoje, vários cinemas fecharam suas portas perdendo espaço para os localizados dentro dos shoppings centers. Comodidade e segurança são itens que o shopping center oferece e a grande maioria das pessoas não abrem mão deste benefício sendo assim, o clássico cinema de rua perdeu a credibilidade com a população.

Nadando contra a maré do descaso com os cinemas de rua, um cinema reabriu suas portas. O Cine Bijou localizado na Praça Roosevelt, nasceu na década de 1960 com um diferencial, só passava filmes alternativos, um bom atrativo para a população, mas a decadência da região resultou no seu fechamento em 1995.

Após 15 anos ele renasceu na mesma praça nas mãos do NPMP – Núcleo de Preservação da Memória Política tendo como responsável o historiador Danilo Dara. O projeto consiste em resgatar não só a história do cinema, mas também a importância dos filmes que marcaram época, exibindo filmes gratuitamente de 15 em 15 dias.

Resgatar a história de um cinema que marcou época é um grande respeito para com a cidade de São Paulo, para os filmes, para os cinéfilos que estão enlutados pelo Belas Artes e para toda a nossa população que não pode ser esquecida.

Não se trata de uma simples reabertura ou reativação. Convivemos agora com um resgate histórico digno, com o respeito às salas de cinemas que ainda sobrevivem nas ruas de São Paulo.

Certamente ele adotará muitos órfãos do Belas Artes. Vida longa ao Cine Bijou!

Conheça cinemas esquecidos da cidade de São Paulo, clique aqui

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Respostas de 10

  1. Saudade enorme dos cineclubes de São Paulo!
    O Oscarito ficava ao lado do Bijou, tinha o Cineclube Elétrico que funcionava mais ou menos onde hoje está o Espaço Unibanco.
    O Veneza que ficava no Bexiga, virou estacionamento…
    Mais tarde, outras salas com programação diferenciada teriam o mesmo fim trágico: nunca mais Top Cine, Gemini e agora o Belas Artes por um fio.
    Ai, ai…

  2. É tudo em nome do progresso e conforto!
    Culpado são as autoridades públicas que não garantem segurança o suficiente para que o cidadão possa frequentar um cinema de rua sem o medo de ser assaltado ou surpriendido por um drogado a procura de dinheiro.
    É lamentavel o estado em que se encontra São Paulo… cada dia mais presencio com dor no coração a decadencia da cidade mais linda do mundo! Minha cidade!Perguntem a alguém nas calçadas o que sabem da Revolução de 32? Ninguém sabe nada! Como vamos querer que preservem também, se a propria historia da cidade desconhecem? Aliás muitos não são daqui, não tem raises aqui, como pode-se querer preservar as raizes se você não as tem? E as escolas paulistas, pouco fazem também para deixar viva a história.
    Preferem comemorar um halloween americano do que homenagiar os bravos soldados de 32.
    Desabafo de uma paulistana que vê a historia de sua cidade desaparecer.

    1. O pior é ver que isso não ocorre só em São Paulo, a insegurança vem afetando todas as cidades brasileiras. A propósito: acho que o último cinema de rua que eu vi funcionar foi em Lages-SC, a uns 8 anos atrás, mas não sei se ainda funciona.

  3. Realmente a história me deixa cada vez mais triste com o progresso.
    Vou junto com minha esposa prestigiar os últimos suspiros do Belas Artes antes que feche…
    tomara que consigam mantê-lo… um fio de esperança ainda resta…

  4. E lamentavel, fiz um comentario e voces o deletaram. Quem fala a verdade nao merece credito??? Estou profundamente frustado com a forma de agir desse site.

  5. la vai o tal comentario, mesmo fora de época: Segundo o editor do fotoblog, Cinemas Antigos do Brasil, Sr. Atilio Santarelli, o Cine Trianon, nada tem a haver com o cine Ritz Consolação. Eles funcionaram um ao lado do outro. A inauguração em 1956 do Trianon, foi dentro do recuo, respeitando o futuro alargamento da rua. O cine Ritz ficava mais ou menos onde hoje esta a Pernambucanas, na verdade seria onde hoje esta a pista sentido Bairro Centro Velho da Consolação. Nesse predio do cine ritz funcionou anteriormente o Cine Asturias, inaugurado em 1931 e fechado em 1943.
    Informações:
    Alexandre Miko Neto e Reginaldo Giles Perez.”
    Qualquer duvida podem ser tiradas pelo link: http://atiliosantarelli.fotoblog.uol.com.br/photo20110119160358.html

  6. Daqui a uma década infelizmente, veremos uma materia nessa blog sobre o Belas Artes e como era uma belo e diferenciado cinema de sampa.
    Não me imagino depois de ver “Cinema Paradiso” sair do cinema e dar de cara com uma praça de alimentação com pessoas que nem ao menos se lembram mais do filme que acabaram de “olhar”.

  7. Os cinemas de rua deixaram um legado enorme, a arte era algo do cotidiano e virou uma coisa chata ter que levar para casa, lugar de assistir filme é no cinema e sempre foi algo muito legal. e o Belas artes era maravilhoso.

  8. Amo os cinemas de rua de São Paulo, onde, junto com minha mãe, ia nas férias escolares para ver filmes no período da tarde. E, aos domingos, iam vários membros da família para ver as estreias, que lotavam as salas de espera. Ótimos tempos, décadas de 1970 e 1980. Acho uma pena o Belas Artes ter fechado, mas acabou retornando. Muitas salas marcaram minha infância na década de 1970. No Ipiranga, bairro onde morava, existia o Cine Anchieta, igualmente de rua, onde fui assistir a filmes dos Trapalhões. Uma grande lembrança que tenho, com relação a essas salas do centro de São Paulo, foi ter chegado e o filme programado era diferente do anunciado no jornal (única forma, nos anos 1970, de saber o que as salas iriam exibir), e para não perder a viagem, eu e minha mãe acabamos entrando, e saímos super felizes por termos visto Dersu Uzala, do grande diretor japonês Akira Kurosawa. Nos anos 1980, ia ver filmes de Rock no Carbono 14 (que depois virou estacionamento) e no Rock Show, na Av. Faria Lima. Infelizmente, não me recordo com maior precisão do nome de muitas salas a que fui nos anos 1970. Sei que assisti a Contatos Imediatos do Terceiro Grau, com som surround e tela grande, filme 70 mm. Foi maravilhoso! Realmente, muitas salas eram um luxo absoluto. Depois da década de 1980, sobretudo 1990, vieram os shoppings. Em 1981, assisti à estreia de Apertem Os Cintos o Piloto Sumiu, sentado no chão, tamanha era a lotação da sala. Só na sessão seguinte, consegui assistir na poltrona.

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