O centro paulistano é repleto de opções de hospedagem para aqueles que desejam (ou tem coragem suficiente) para se hospedar na região. São hotéis para todos os gostos e bolsos e também para variados usos (os famosos hotéis que são na verdade motéis).
Particularmente eu gosto dos hotéis do centro. Tirando alguns que são verdadeiros disfarces para tráfico e prostituição, a maioria são hotéis decentes e perfeitos para quem quer ter a experiência de desfrutar do centro histórico. É preciso cuidado e cautela nas ruas, mas não é proibitivo.
Muitos dos hotéis da região central estão em construções centenárias e algumas até tombadas como patrimônio histórico paulistano. Um dos hotéis mais longevos do centro é este que apresento agora.
Localizado no número 267 da Rua Quintino Bocaiúva, na região da Sé, este hotel ocupa uma elegante construção antiga de três andares bem nas proximidades da Praça João Mendes e bem diante da Rua Riachuelo.
A edificação é das primeiras décadas dos século 20 e ao menos em sua porção exterior está sempre muito bem cuidada, com a pintura em dia e os detalhes arquitetônicos preservados, bem como suas janelas de madeira originais.
Na trajetória deste imóvel vários hotéis ocuparam o edifício, sendo que atualmente é chamado de Hotel Quintino (veja as avaliações aqui). Enquanto isso no piso térreo existem ao menos quatro estabelecimentos comerciais, sendo deles um que costumo frequentar (um sebo no lado esquerdo) e outro a mais famosa loja de perucas de São Paulo, a Estoril.
No passado o hotel, no mínimo, teve três outros nomes: Grande Hotel Familiar, Hotel Atlântico e Hotel Record.
O edificio tem constantemente sua pintura constantemente renovada. Na fotografia abaixo você confere como estava o prédio do hotel em 2021.
LOCAL FOI PALCO DE TRÁGICOS ACONTECIMENTOS:
Pesquisando sobre a trajetória hoteleira deste imóvel, descobrimos ao menos três histórias tristes sobre ele, curiosamente todas elas foram crimes passionais. Isso claro não é culpa do hotel mas do próprio ser humano.
O primeiro caso é do tempo em que chamava-se Grande Hotel Familiar e ocorreu em 1947. Um homem hospedado neste hotel com a amante tentou matá-la e depois cometer suicídio, atirando contra a própria cabeça. Não obteve êxito em nenhum dos atos e ambos foram parar no hospital, ela em estado gravíssimo.
Já o segundo caso é de 1953 e o hotel ainda tinha o mesmo nome de 1947. Um jovem chamado José Augusto Filho forçou a noiva, Maria José, para entrar no hotel com ele. Diante da recusa, levou-a força. No quarto acabou por violentá-la (no jornal está como desonestou-a). Na alta madrugada ele disparou com uma garrucha para acabar com a vida da mulher. Acreditando que ela havia morrido, cometeu em seguida suicídio com um tiro no coração. A jovem felizmente sobreviveu.
Por fim o caso ocorrido em 1955 que é o que mais me comoveu. Nesta época o hotel chamava-se Atlântico e trata-se de um duplo suicídio, de um jovem e belo casal chamado Amilcar Cunha e Lourdes Domingues, de respectivamente 22 e 18 anos. Eles tomaram formicida e deixaram uma carta de despedida, nela pediam para serem enterrados juntos. Será que atenderam ao pedido dos noivos ?