Em uma cidade tão antiga como é São Paulo um grande número de personalidades atuaram ao longo de sua história. Muitas dessas pessoas acabaram à margem dos livros de história e suas trajetórias não são conhecidas pelo grande público, o que é lamentável já que muitas dessas figuras foram personagens muito interessantes do cotidiano paulistano do passado.
E se há uma figura na sociedade paulistana de outrora que merece muito mais destaque e divulgação, é Antônio Gonçalves da Silva, o popular Batuíra. Nascido em Portugal em 1839 ele muda para o Brasil em 1850, com destino ao Rio de Janeiro, quando tinha apenas 11 anos de idade, juntamente com seus pais.

Anos mais tarde, já adulto e casado, depois de passar por Rio de Janeiro e Campinas, fixou residência em São Paulo, onde adquiriu diversos lotes de terra na região onde hoje estão as ruas Espírita e Lavapés. Figura incrível, foi o primeiro entregador de jornais da Cidade de São Paulo (Correio Paulistano), fabricante de charutos e dono de teatro. No entanto, destacou-se principalmente pela figura bondosa que era ao acolher escravos fugidos em sua propriedade, o qual só os deixava partir se alforriados pelos seus senhores, e também por sua notável dedicação ao espiritismo.
Amigo de Azevedo Marques, proprietário do Correio Paulistano, conseguiu com ele a experiência necessária para em 1890 lançar o jornal Verdade e Luz, a primeira publicação dedicada ao espiritismo em São Paulo, e que na época conseguiu a façanha de ter uma tiragem de 5 mil exemplares. No final da vida abriu mão de todos os seus bens para os mais pobres e sua casa abrigou a instituição beneficente “Verdade e Luz”. Posteriormente em sua homenagem a rua onde morava foi batizada de Rua Espírita, que existe até os dias hoje. Batuíra viria a falecer em 22 de janeiro de 1909 e curiosamente está sepultado bem próximo de seu grande amigo em vida, Joaquim Roberto de Azevedo Marques.

Existem dois livros muito interessantes que abordam toda a trajetória de Batuíra, ambos escritos pelo mesmo autor Eduardo Carvalho Monteiro, considerado um dos principais historiadores do espiritismo do Brasil. O vídeo abaixo faz uma breve resenha dos livros e conta um pouco mais de detalhes da história desta importante figura do cenário histórico de São Paulo.
Respostas de 8
Muito interessante, obrigada pelo artigo, Douglas. Abração grandão!
Gostei muito. Vou ler os 2 livros. Personagens benemeritos que merecem ser conhecidos, lembrados e servirem de exemplo.
Douglas, em outras fontes, o Batuíra teria nascido em 26 de dezembro de 1838, em Portugal, e não em 1839. E ele desembarcou no Rio de Janeiro com sua família em 3 de janeiro de 1850, portanto, aos 12 anos, não aos 11. Seja como for, parabéns pela publicação desse artigo e por divulgar o nome do Batuíra para um público mais amplo.
Olá Rafael, como vai ? Seria legal saber qual seria a fonte.
Em três livros que tenho (dois deles ai no vídeo) e também na Wikipedia diz-se 1839.
Sou espírita mas não conhecia a biografia dele a fundo. Muito obrigado.
Batuíra, grande personalidade do espiritismo brasileiro. Vale ressaltar que a instituição Verdade e Luz ainda se encontra ativa no mesmo local. Parabéns Douglas por mais uma grande matéria.
Sempre rezo por Batuira, porém não conhecia sua história, adorei seu breve relato
Aqui em São Carlos – SP, colaboro com o Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Batuira, fundado em 1957.
Os fundadores contam que Batuira (espírito) ofereceu-se para mentorear a entidade iniciante. Que honra e que responsabilidade!
Obrigada pela publicação sobre essa importantíssima personalidade para o Espiritismo no Brasil!