A Avenida Cásper Líbero, que liga o Largo Santa Ifigênia à Estação da luz, é uma via bastante peculiar do centro paulistano. Um dos motivos é a mudança de nome – em duas etapas – até ter este nome por completo.
Inicialmente a via chamava-se rua da Conceição, e teve este nome por décadas até ser alterada para avenida e ser divida em duas: permanecia como Avenida Conceição o trecho que ia da rua Mauá até a Avenida Senador Queirós e dali por diante, até o Largo Santa Ifigênia, passava-se a chamar-se Cásper Líbero.
A mudança foi uma maneira de homenagear a célebre figura de Cásper Líbero renomado jornalista paulista, que em 1918 tornou-se proprietário do vespertino A Gazeta e posteriormente transformou-o em grande complexo de comunicações. Além disso Líbero atuou de forma marcante durante a Revolução de 1932, tendo sido um de seus líderes. Ele viria a falecer no ano de 1943 em um acidente aéreo.
Posteriormente, em meados da década de 1960, a via seria renomeada por completo, passando a ser de ponta a ponta conhecida por Avenida Cásper Líbero.
E o imóvel que mostraremos aqui neste artigo está localizado no número 605, já bem próximo da rua Mauá:
Construído nos primeiros anos do século 20 e tombado como patrimônio histórico paulistano – apesar das profundas alterações do nível térreo onde as portas originais foram suprimidas para dar lugar a três portas comerciais – esse edifício é uma das preciosidades desta via.
Até alguns anos atrás a riqueza desta fachada ficava escondida pela publicidade da loja. Entretanto, graças a Lei Cidade Limpa, a beleza que não aparecia ressurgiu.
Apesar da dificuldade de fotografar a piso superior devido a um poste de energia e um transformador nele instalado, é possível notar o Brasão de Armas da República:
O local foi uma repartição pública, fato. Mas com as constantes mudanças de nome e numeração da via ficou muito difícil descobrir o que funcionou ali. Porém, graças a um mapa de 1913 de nosso acervo foi possível identificar o que era: Departamento de Água e Esgotos (ou Repartição de Agua e Exgottos na grafia da época).
Abaixo, uma fração do mapa identificando exatamente o local:
Além de ser muito interessante a descoberta, também deixa claro o quanto a mudança de nomes logradouros – mesmo quando bem intencionada – pode ser danosa a história de um município. Os traços históricos ou mesmo apenas documentais podem vir a desaparecer por completo.
Respostas de 8
Parabéns pela descoberta!
Um grande pesquisa em busca das origens históricas !
Oxalá um dia possa ser repaginado seu entorno…..
Nesse caso minha opinião é outra.
Quando a mudança de nome tem por objetivo homenagear uma figura importante da cidade – como foi Casper Líbero – ou do bairro, acho válido. É um enriquecimento da história e confere valorização à memória urbana e à auto-estima do povo. Desde que não apague o nome de outro homenageado, como foi o caso do elevado Costa e Silva e como uma vereadora pretende fazer com a rua barão de Joatinga. Grosseria pura e simples.
São Paulo tem dessas coisas, uma edificação que hoje em dia ninguém dá valor, outrora foi uma repartição ou uma fábrica extremamente importante para a cidade.
Pior ainda foi a abominável redistribuição de distritos e subdistritos feita por gente que nunca estudou a história da cidade. Onde estão Santa Ifigênia, Aclimação, Vila Madalena? O centro da Barra Funda ficou em Santa Cecília.
O poste não está mais na frente, só alguns fios, mas no geosampa ele não consta como tombado, achei estranho.
Quando eu entrei na Sabesp, em 15/10/1975,neste prédio funcionava, a oficina de manutenção de hidrômetros ,almoxarifado de peças para manutenção dos hidrômetros e tinha o Departamento do pessoal que fazia as troca dos hidrômetros nas residências na grande São Paulo.
Em 07/09/1979, a Oficina de Hidrômetros mudou para a Rua Jose Rafaelli, 284 Socorro Santo Amaro
Trabalhei na Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) de 15/10/1975 (ajudante de Almoxarifado) até 02/05/2000 (Encarregado da Oficina de Hidrômetros)