A história das Polacas

São Paulo é uma cidade cosmopolita e aqui encontramos diversas comunidades, inúmeras religiões, além de vários segmentos culturais. Com o crescimento populacional desde os meados do século 19, outras etnias vieram para a cidade trazendo consigo seus credos.

Para algumas religiões, os cemitérios tem um papel fundamental para a segregação não só da pessoa, mas do espaço em si e para cada rito de passagem, uma cultura diferente.

Um exemplo que pode ser debatido foi a morte do professor de Geografia, História e Filosofia Júlio Frank. Natural da Alemanha, veio para o Brasil em 1828 onde ministrou aulas na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Foi fundador da sociedade secreta Burschenschaft conhecida popularmente como “Bucha” onde alunos e ex-alunos faziam um caixa para ajudar alunos desfavorecidos.

O professor faleceu de pneumonia em 1841. Como alemão, ele era adepto ao protestantismo e com isso surgiu um problema: Onde sepultá-lo?

Um motim idealizado pelos alunos concluiu que a melhor forma de sepultá-lo seria dentro da própria faculdade já que a cidade de São Paulo não possuía cemitérios e as pessoas eram sepultadas dentro das igrejas católicas. Seu túmulo é um monumento histórico e foi tombado em 1978.

Abrem-se as cortinas para as questões funerárias na cidade de São Paulo. Vale ressaltar que D. Pedro I assinou uma Lei em 1828 outorgando a criação de cemitérios já que os sepultamentos dentro das igrejas estavam sendo muito criticados pelos médicos higienistas.

O primeiro cemitério de protestantes veio a ser inaugurado somente em 1844, ou seja, 3 anos após a morte do professor Júlio Frank. Construído em uma região próxima ao Convento da Luz, este espaço mortuário foi transferido em 1862 para um local ao lado do Cemitério da Consolação, na rua Sergipe, onde está até hoje.

Cemitério dos Protestantes, na Rua Sergipe (clique para ampliar)

A IMIGRAÇÃO JUDAICA

Em 1872 a população de São Paulo não passava de 32 mil almas. Em 1920 o número de habitantes já chegava a 579 mil pessoas. São Paulo estava em franco crescimento populacional recebendo povos de várias etnias e diversas religiões.

Um exemplo é a imigração judaica. Com a Proclamação da República (1889), o Brasil começou a receber imigrantes com mais facilidade e menos burocracia, vindo não só judeus, como povos de outras etnias como alemães, espanhóis e italianos.

Como no caso do Cemitério dos Protestantes, outras colônias sentiram a necessidade de possuir o seu cemitério próprio, já que a população estava aumentando gradativamente. O empresário lituano Maurício Klabin, doou um terreno com 5.000 m² tendo como destino a construção do primeiro cemitério judaico de São Paulo, o Cemitério Israelita de Vila Mariana inaugurado entre os anos de 1919 e 1920.

(FOTO  3) Entrada do Cemitério Israelita de Vila Mariana

A HISTÓRIA DAS POLACAS

Com a imigração, famílias judaicas chegaram ao território brasileiro e junto com elas uma parcela de jovens mulheres iludidas por aliciadores, que prometiam um vida melhor no Brasil. Entretanto a realidade não era bem essa e elas acabavam trabalhando como prostitutas.

Conhecidas popularmente como polacas, essas jovens mulheres desembarcaram no Brasil e seguiram rumo ao centro de São Paulo, principalmente na região do Bom Retiro, outras ficaram na região de Santos. Tantas outras desembarcavam no Rio de Janeiro, até então capital do Brasil, e as mulheres mais novas, tinham um destino certo: a cidade de Buenos Aires, capital da Argentina e sede da organização Zwi Migdal*.

*Zwi MigdalSociedade que atuou entre os anos de 1860 e 1939 no Leste Europeu traficando mulheres e levando-as para a América do Sul para trabalharem como prostitutas. Sua sede era em Buenos Aires possuindo filiais e administrando prostíbulos em diversas cidades brasileiras incluindo Rio de Janeiro e São Paulo.

No recorte de jornal, notícia de membros da Zwi Migdal no Brasil. Acervo do jornal Correio Paulistano publicado em 04/02/1936.

Tráfico de mulheres é uma realidade que persiste em dias atuais e é a modalidade mais praticada no mundo, mas o que dizer deste tráfico que existiu no Brasil ?

Muitas pessoas associam as polacas apenas como mulheres envolvidas na prostituição que é um equívoco. Polacas também são mulheres natural da Polônia onde também houve uma corrente imigratória forte para o Brasil.

Uma parte dessas mulheres judias eram provenientes do leste europeu englobando Polônia, Rússia e Ucrânia.

Estabelecidas na cidade de São Paulo, as Polacas atuaram na região do Bom Retiro e Santa Ifigênia, conhecido na década de 20 como Zona de Baixo Meretrício.

A ASSOCIAÇÃO DE AJUDA MÚTUA

Jovens mulheres recrutadas e sujeitas a diversos tipos de violência e humilhação. Excluídas da sociedade, longe dos familiares e com poucas perspectivas de vida. A marginalidade social estava presente na face destas pessoas.

Algo em comum fortalecia essas mulheres, a religião judaica. No judaísmo, o cemitério tem uma importância fundamentada no respeito ao corpo e possui ritualização para o enterramento. São considerados impuros os corpos dos suicidas e das prostitutas e por isso não deveriam ser sepultadas em cemitérios judaicos. Para as Polacas, o espaço mortuário continuava ser um local sagrado independente de sua profissão.

Nadando contra a corrente e não se deixando acanhar por temores culturais, essas mulheres se reuniram na rua dos Timbiras em 30 de julho de 1924 e fundaram a Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita (SFRBI), tendo como objetivo o auxilio aos seus sócios e a vivência comunitária, incluindo a futura construção de um cemitério próprio.

Estatutos da SFRBI

A SFRBI tinha como base a filantropia para seus associados. Em momentos de saúde debilitada, internação hospitalar e até mesmo em caso de morte, a instituição dava o aparato necessário para a pessoa incluindo o sepultamento.

Nos primeiros anos a Sociedade Feminina chegou a ter mais de 100 associadas. Elas seguiam algumas regras como a pessoa que desejava se associar tinha que ser apresentada por uma sócia antiga. Para os cargos altos como presidente e vice-presidente era proibida a candidatura de homens e a nova associada não poderia ter mais de 70 anos.

A primeira presidente foi Rosa Cypre Celmare ou Rosa La Grego que atuou ativamente até 1929 arrecadando fundos para a sede social própria além das ações de filantropia e outro objetivo: a construção do Cemitério Israelita da própria Associação Feminina.O local escolhido foi o bairro de Santana, situado ao lado do Cemitério Municipal Chora Menino.

Em 1926 a SFRBI adquiriu o terreno, porém as obras do cemitério ficaram prontas dois anos mais tarde, em 24 de maio de 1928. Em um ano e meio de funcionamento, este cemitério já havia sepultado 13 pessoas.

Algumas associadas que faleceram antes da inauguração do Cemitério Israelita de Santana foram sepultadas no Cemitério da Consolação. É o caso de Lola Brand e Guinendel Lubinska. Ainda nesta mesma necrópole existem outras associadas sepultadas.

Túmulo de Guinendel Lubinska falecida em 1922 e Lola Brand morta em 1924 (clique para ampliar)

Em 1944 a Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita tendo como presidente Riwa Gerzwolf adquire um sobrado no número 44 da Alameda Ribeiro da Silva, que pertencia à sócia Sofia Jornitz.

A Sociedade transformou o local em sede e mais tarde no asilo voltado para as associadas. Este imóvel foi comprado 20 anos após a criação da Sociedade. Deu para notar que a importância de ter um cemitério era mais importante do que ter uma sede social própria.

Num passado não tão distante foi sede da SFRBI. Atualmente é uma oficina (clique para ampliar)

No final da década de 50 a Sociedade Feminina não estava conseguindo garantir o auxílio de suas associadas e foi enfraquecendo com o passar dos anos.

Não houve uma renovação no quadro de sócias e as antigas associadas já estavam na casa dos 80, 90 anos, ou seja, estavam falecendo gradativamente, ordem natural da vida. Não houve uma continuidade na história.

O que acabou sobrecarregando a manutenção da SFRBI foram os problemas financeiros. A Sociedade vinha se arrastando em dívidas e raramente conseguia fechar o caixa, que operava sempre no vermelho.

Sem recursos para continuar de portas abertas a SFRBI encerrou suas atividades em janeiro de 1968 e sua história caiu no ostracismo, sendo pouco a pouco esquecida.

ASSOCIAÇÃO FECHADA E CEMITÉRIO ESQUECIDO

Em 1972, quatro anos após o fechamento da Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita o único imóvel que restou da associação foi o Cemitério Israelita de Santana.

Apesar de ser mantido com muito carinho e respeito pelas associadas, o abandono devido a falta de recursos começou a tomar conta do espaço mortuário.

A pequena sala de banho – Mikvá – que ficava dentro do cemitério começou a servir de vestiário para os funcionários do Cemitério Chora Menino, túmulos foram depredados, o mato começou a invadir as ruelas e o vandalismo começou a tomar conta.

(FOTO 6) Capela e sala de banho – Mikvá no Cemitério Israelita de Santana (já demolido)

Quando a SFRBI comprou o terreno referente ao cemitério, ela doou a Prefeitura o espaço ficando reservado para o seu uso, ou seja, o cemitério da Sociedade Feminina era privado e ficou atrelado a administração do Cemitério Chora Menino.  Já que a Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita não existia mais, o Cemitério Israelita de Santana agora pertencia a Prefeitura e a história das polacas começa a desaparecer.

Neste período o Cemitério Chora Menino estava passando por problemas referente a falta de espaço para os sepultamentos. A Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo foi notificada sobre o abandono do Cemitério Israelita de Santana, quando foi assinado o Decreto 9.973 de 23 de maio de 1972 cassando a autorização para manter o cemitério em imóvel municipal. A desapropriação estava batendo na porta do Cemitério Israelita de Santana.

(FOTO 7) Últimos momentos do Cemitério Israelita de Santana em 1972 (clique para ampliar)

Ao todo, 233 pessoas estavam sepultadas Cemitério Israelita de Santana. Famílias eram avisadas sobre a desapropriação e transladavam os restos mortais de seus familiares para outras necrópoles.

Apenas vinte e quatro pessoas foram transladadas, mas o que fazer com os 209 restantes? Importante salientar que no Cemitério Israelita de Santana também estavam sepultados alguns homens. Na maioria dos casos esses homens eram parentes próximos das associadas e também possuíam o direito de serem sepultados neste cemitério.

No final do ano de 1972 o cemitério da Sociedade Feminina chegava ao seu fim e uma parte da história de São Paulo também. A área desocupada deu lugar para a administração e o velório do Cemitério Chora Menino.

A foto abaixo, de 1958, dá uma visão geral do Cemitério Chora Menino. A área do Cemitério Israelita é indicada pela seta:

(FOTO 8) clique para ampliar

A QUADRA N

A Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo aceitou a transferência dos restos mortais das 209 associadas para o Cemitério Israelita de Butantã. Elas foram alocadas na Quadra N em 4 grandes fileiras

(FOTO 9) Túmulos das Polacas no Cemitério Israelita do Butantã (clique na foto para ampliar)

Anexos:

Abaixo um recorte extraído do jornal Correio Paulistano de 2 de novembro de 1960. No destaque a ala das polacas no Cemitério de Santana (Chora Menino).

Bibliografia consultada:

  • Baile de Máscaras, de Beatriz Kushnir. Editora Imago
  • Associação Cemitério Israelita de São Paulo 85 anos, Mônica Musatti Cytrynowicz e Roney Cytrynowicz. Editora Narrativa Um
  • Estatutos da Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita
  • Correio Paulistano – Edição de 25/05/1928
  • Correio Paulistano – Edição de 04/02/1936
  • Correio Paulistano – Edição de 02/11/1960

Crédito das fotografias:

  • Foto 3 _ Google Street View
  • Foto 6 – Autoria Desconhecida / Reprodução internet
  • Foto 7 – Acervo de Izaak Vadergorn – extraído do livro “Baile de Máscaras”
  • Foto 8 – Geoportal
  • Foto 9 – Ronaldo Zatta
  • Demais fotografias – Douglas Nascimento e Glaucia Garcia de Carvalho
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Respostas de 20

  1. Que historia, uma pena cair no esquecimento. Eu acho que deveriam existir totens em alguns lugares da nossa São Saulo nos lembrando do que já ocorreu naquelas localidades, sei que é inviável devido a nossa “cultura” de vandalismo mas acho que todos temos o dever de saber o que ocorreu no passado e valorizar a nossa historia!

  2. Como sabemos pouco de nós mesmos, como falta darmos valor à história. Ao ver jornais em qualquer mídia o destaque são fofocas envolvendo pseudo celebridades, violência e corrupção. E por falar em mídia, a notícia do do recorte de jornal sobre os membros da Zwi Migdal no Brasil é simples e direta creio eu e seria impossível hoje em dia ser publicada assim devido ao politicamente correto

  3. Com acontecimentos nem sempre favoráveis geralmente ocorridos em sociedades beneficentes, de certa forma contribuem para o desaparecimento de episódios e testemunhos físicos da história da cidade.

  4. Mais um capítulo interessante da nossa história que eu desconhecia. E vale ressaltar que o Brasil tornou-se um polo de atração para imigrantes apenas quando os EUA praticamente fecharam suas fronteiras, quando achavam que tinham população em número suficiente para o tamanho do seu território.

  5. Conheci o Cemitério Israelita do Chora Menino. Sempre tive muita curiosidade de entrar nele apesar de seu aspecto sombrio e abandonado. Minha avó portuguesa, com quem ia regularmente ao cemitério cristão, jamais aceitou minhas ideias de visitar aquele local. Era mesmo impossível, já que a entrada que dava acesso a ele pelo outro cemitério estava sempre fechada. Desde que me lembre, o Mikvá sempre teve aquela mesma aparência sinistra e carcomida pelo tempo quando visto pelo portão da entrada oficial do cemitério, na Rua dos Portugueses. Achava que era uma igreja, algum local de culto e preparo funerário. Mas não havia cruz naquele domo, apenas uma estrela enferrujada que para mim representava um enigma. Não havia judeus naquele bairro, nada nem ninguém que informasse por que aquele lugar existia justamente ali. Mas algumas tardes, após as aulas no Externato Consolata, quando eu já tinha bem uns onze anos, tomado de coragem entrava sozinho no cemitério como quem adentrava um lugar de mistérios. Encontrei lápides caídas, caminhos irregulares cobertos pelo mato que crescia e o interior do Mikvá completamente imundo, com um cheiro forte de urina, fezes pelo chão e pombos que ali acharam abrigo em alguns nichos. As letras hebraicas nas lápides me intrigaram particularmente. Lembro-me de copiar algumas delas nos meus cadernos. Procurei anos por uma foto desse lugar. Há pouco tempo, já morando em Israel, comecei a pesquisar algum material disponível sobre o Cemitério Israelita e soube então da estória das polacas. Hoje encontro essa imagem icônica do Mikvá, algo que aguçou a curiosidade de toda minha infância. Algum dia preciso escrever uma estória sobre ele…

  6. Caro Celso. Você porventura foi seminarista ?. Estudou no Verbo Divino em Araraquara ? Pergunto isso pois lá tive um colega com este mesmo nome e que morava justamente na região referida.

  7. Nasci no Bom Retiro em 1962 meu pai era judeu e minha mãe católica, não fui batizado (bris) e nem fiz bar mitzva, ocorre que, por mais que a gente não deseje , o sangue fala mais alto, aprendi o alfabeto hebraico sozinho e algumas orações. Sou da época que o bairro do Bom Retiro praticamente fechava quando das festividade judaicas, ali na rua Tocantins tem a sinagoga Talmud Thorá e antes de abrir alguns senhores ficavam sentados esperando o ¨moré¨ chegar , pois bem , ouvi muitas histórias da Rússia , Polônia, Áustria , minha formação foi praticamente feita por estes senhores, agradeço muito. Fazia minhas lições de casa na OFIDAS naquela época ainda não era UNIBES, meu irmão estudou no SCHOLEM ALEICHEM , segundo uma tia minha meu avô rezava numa sinagoga na Rua da Graça que conhecíamos como LUSO . Obrigado pela oportunidade.

    1. O sangue fala mais alto mesmo. Não conheço tanto sobre a tradição judaica, mas estou sempre disposto a aprender. Muitos nomes famosíssimos são/foram judeus, entre eles, Albert Einstein. Sou descendente de espanhóis e italianos, e por mais que não queira, sempre me interessei por conhecer bastante a história desses dois países europeus tão tradicionais, Espanha e Itália. Acho, particularmente, o cinema italiano, sobretudo o clássico, um dos melhores que existem e a música flamenca fantástica.

  8. Toda as vezes que leio sobre este assunto ,sinto aperto no coração, porque não reagiram ?.Porque não denunciaram ?. REPITO, POR MAIS QUE NÃO SE QUEIRA :O SANGUE FALA MAIS ALTO.
    Obrigado pela oportunidade, fiquem com Deus.

      1. Li o livro e chorei. Fui criada num ambiente hostil, no qual a “mãe” quando me atacava gritava “Sua polaca podre.” Só passei a existir neste mundo no dia da minha morte, aos 13 anos de idade. Antes disso, não tinha nenhum documento. Cresci ouvindo “você não é nada, você não existe, ninguém pode te salvar de mim, agradeça pelo grão de arroz que desperdiço para te alimentar, ninguém te ama, ninguém te quer, você é um fantasma que assombra minha vida… Fui espancada, brutalizada, ameaçada, estuprada pelos homens da família. Hoje, vivo isolada, apagaram a minha existência, ninguém se lembra de mim.

  9. Que texto mais interessante, Glaucia! Sou catarinense, mas absolutamente apaixonada pelo site “São Paulo Antiga”. Essas mulheres polonesas foram realmente uma expressão de orgulho! Quanta garra, quanta luta por um lugar digno para o descanso eterno. É realmente uma barbárie o cemitério original não existir mais. Grande abraço!

  10. Conhecendo mais e mais, graças ao São Paulo Antiga. Pois é, o tráfico de escravas brancas, é tão antigo quanto a prostituição. Por sinal, quando o ser humano começou a se civilizar, a corrupção e a sujeira se iniciaram concomitantemente. Em tempos recentes, de tanta insanidade política, um explorador dos serviços das garotas de programa andou espalhando vídeos de que queria se candidatar a um cargo político. Pensei que o sexo pago em si, não fosse crime, mas a exploração do mesmo sim. Só quero parabenizar mais uma vez ao Douglas Nascimento e à Glaucia Garcia pela matéria. Se possível, queria uma reportagem sobre a vida das mães solteiras na São Paulo de antigamente. Um dia, explicarei o porquê do pedido, não é o meu caso, meu pai era presente até demais, mas é sobre uma história que sei, e que me leva a querer saber mais sobre esse assunto. Depois de ter lido sobre o Gasogênio, fico pensando quais seriam outras curiosidades de antigamente.

  11. Trabalho interessante. Temos três correntes de polacas vindas para o Brasil e alguns momentos por questões diversas. No Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, existia o interesse do embranquecimento da sociedade fluminense, era preciso que europeus estivessem ocupando todos os espaços na sociedade. As prostitutas que serviam aos mais ricos eram as francesas, chamadas de ‘cocotes”. Com as leis abolicionistas, se aproximando o fim da escravidão, a cópia de Paris estava cada vez mais perto. O presidente da província do Rio de Janeiro, Pereira Passos, promove uma mudança na arquitetura da capital. Abertura de grandes avenidas, aterramento de manguezais, expulsão de descendentes de ex-escravizados do Centro e entornos do poder político para periferias e morros e demolição de casarões que serviam de “cabeças de porco” aos brancos e mestiços pobres. As músicas sobre os “barrações de zinco” e textos como o “Mulato” e o “Cortiço” descrevem essa mudança social. Poucos textos tratam do embranquecimento no rufianismo. As polacas surgem para evitar que liberais e classe média buscassem negras adolescentes, em média de 12 a 16 anos (pequenas cabras – cabrochas) para práticas sexuais. As polacas também foram usadas também para identificar homens com doenças venéreas. A palavra “encrenca” entra no nosso idioma através do aportuguesamento do idish “in canker” (com cancro), elas identificavam os clientes doentes e passavam para os sanitaristas da época. Recusavam fazer sexo com esses clientes, eles eram “encrencas”, assim cunhou-se esse termo. Durante o regime totalitário de Hitler, judias do Leste Europeu foram sequestradas e vendidas para cafetões do Rio, São Paulo, Recife no Brasil e também para Buenos Aires e Nova Iorque. Mas essa já é uma outra história, essa é a minha pesquisa quase pronta. Forte abraço a todos.

  12. Gostaria de saber mais sobre as judias fugitivas ou sequestradas dos países ocupados pelos nazistas no governo de Hitler. E como houve a introdução dessas pessoas nos prostíbulos, sem a intervenção ou com a conivência das autoridades dos países que receberam essas mulheres. Outra coisa que preciso conhecer é sobre a atuação ou negligência dos organismos judaicos legalmente (ou não) constituídos acerca do problema. Afinal, eram judias seviciadas social e sexualmente, portanto irmãs de sangue, salvo melhor juízo.

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