Fábrica de Cigarros Alfredo Fantini

O bairro da Lapa era bastante conhecido no passado pelas fábricas e armazéns que funcionavam especialmente na região conhecida como “Lapa de Baixo”. Essa área que até hoje é chamada assim, fica após a linha do trem em direção ao rio Tietê.

Atualmente as chaminés do bairro ainda ativas são muito poucas, mas o passado fabril se faz muito presente no bairro, devido as construções antigas, muitas delas mais que centenárias que sobrevivem por lá. Uma delas é esta a seguir:

clique na foto para ampliar

Localizada na rua John Harrison, bem no limite entre a Lapa e a Lapa de Baixo, este imóvel, construído em 1917, abrigou por décadas aquela que foi a mais longeva fábrica de cigarros do Brasil, a Alfredo Fantini.

A empresa surgiu em 1903 no coração de São Paulo, na avenida São João e na década seguinte, já em franca expansão, mudou para este imóvel mais amplo na Lapa. Além do espaço maior, a empresa tinha a sua frente a ferrovia da São Paulo Railway, que facilitava o envio de cigarros para outras regiões do Brasil.

Nos anos 1960 a empresa tinha a frente Vicente Fantini  (foto sem data)

A construção, que completa um século este ano, estende-se pela rua João Pereira onde ficam as entradas para o setor fabril. Na John Harrison fica a entrada principal da empresa, cuja porta de madeira até hoje ostenta o antigo brasão da Alfredo Fantini (veja foto na galeria no final deste artigo).

Lateral da fábrica na rua João Pereira (clique para ampliar)

Não dispomos dos dados de até quando a empresa permaneceu ativa neste imóvel, mas a Alfredo Fantini ainda existe. Com uma rápida pesquisa na internet é possível encontrar textos dizendo que a empresa encerrou suas atividades em 2008, mas o texto não dá fontes nem referências. Nos últimos anos a marca era conhecida principalmente pelos cigarros Mistral e São Paulo Chic.

Carro diante da Alfredo Fantini em 1931

O que nos chama a atenção neste momento é o fato do imóvel estar à venda. Apesar de estar bastante vandalizado na sua fachada com as sempre odiosas pichações, o prédio centenário apresenta-se em excelente estado de conservação, sem problemas aparentes.

Uma edificação como esta pode ser facilmente adaptada para abrigar escritórios, oficina cultural, biblioteca etc. Basta a criatividade, vontade e – principalmente – dinheiro, pois manter um prédio tombado em suas características originais não é nada barato.

Se você tem mais informações sobre a empresa Alfredo Fantini entre em contato conosco para ampliarmos este artigo.

Curiosidade: Em 1961 o número de telefone da empresa era 5-0308.

Veja mais fotos do local na galeria abaixo (clique na foto para ampliar):

(*) Dados da imobiliária removidos de acordo com a nossa política editorial

ATUALIZAÇÃO – 19/07/2021

Na última sexta-feira fomos alertados por uma leitora de que a Fábrica de Cigarros Alfredo Fantini estava sendo demolida e fomos até o local para conferir o que está acontecendo.

A fábrica vista da linha férrea (CPTM) e também da rua (clique na foto para ampliar).

Ao chegar ao local foi possível constatar que já ocorreu uma demolição no andar superior da antiga fábrica, conforme ilustram as duas imagens acima. O restante permanece sem alterações e não há nenhuma placa ou indicação de obra por ali. Continuaremos acompanhando e traremos mais novidades conforme elas forem surgindo.

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Respostas de 21

  1. Mais construção maravilhosa, que deveria ser amada e protegida pelos que amam sua cidade….em vez, é revoltante ver essa pichação maldita em todo lugar….eita gente ignorante e sem cultura……

  2. Já reparei nesse prédio. Chama muita atenção porque, mesmo meio abandonado, ainda é bonito.
    Nunca pensei que tivesse sido fábrica. De fato, poderia muito bem servir para lojas, escritórios e até residência.

  3. A disposição física desse prédio, me lembra o conjunto de casas chamado Andrea Raucci, na Mooca, especialmente por ser de esquina.

  4. lembro que quando garoto, lá pelos anos 70, cheguei a ir nesta fábrica para pegar alguns maços de cigarro, vazios é claro, pois eu e os colegas fazíamos coleção de marcas de cigarro. bons tempos

    1. Talvez o “recheio” desse casarão tenha sido reconstruído, mas tiveram o trabalho construir um novo trecho da fachada sobre o portão da garagem, e com a mesma arquitetura do restante. Além de um pintura brilhante em tom creme.
      Parabéns ao atual proprietário dele, restaurar um casarão desses não é nada barato…

  5. Já passei algumas vezes pelo local mas não tinha me dado conta de sua beleza arquitetônica. Suas fotos colaboraram para isso. Devia ser restaurado e preservado. Parabéns pelo registro!

  6. Eu morava na John Harrison e estudava no Gulheme Kuhlmann na Lapa de baixo. Passava todos os dias em frente esta fábrica, isso nos anos 90. Me lembro até hj do cheiro adocicado que tinha quando eu passava em frente. Saudades daquele tempo.

    1. Olá tudo bem? Vc sabe me dizer se a fábrica ficou com os funcionários da empresa como parte de dívida trabalhístico?

  7. Gostaria de saber se ainda existe a fábrica de cigarros. Tenho Distribuidora de Medicamentos MIP. Atuo no seguimento Lojas de Conveniências, Mercearias, Mercadinhos, Padarias. Gostaria de comercializar os cigarros de sua empresa. Aguardo seu contato:
    Marcos Condelli – (11) 97315-9039 ou (11) 47173001 – e-mail: condelli@uol.com.br

  8. Pois eu vim, justamente, comunicar a demolição do edifício. A obra já iniciou há três meses, no portão de ferro na lateral, e mês passado removeram o teto. Acumulei algumas fotografias e, quando tiver mais notícias, enviarei a vocês.

  9. Em 1980 eu tbm pegava embalagens vazias de cigarros da A. Fantini; e coleciono cigarros até hoje, porém nunca fumei!

  10. O que é bonito e ao mesmo tempo estranho foi que estenderam a arquitetura original da fachada pra duas outras janelas que construíram acima da garagem no restauro, que não existiam na fachada original. Só vendo o antes e o depois pra entender.

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