Vila Adelaide

Uma das coisas mais interessantes da arquitetura residencial paulistana são as vilas. Elas não eram comuns na cidade até o final do século 19, quando o grande fluxo de imigrantes europeus passou também a influenciar os padrões de habitação de São Paulo.

Foi a partir deste momento que começaram a surgir inúmeras vilas residenciais pelos bairros. Elas eram de origem operária (construídas por donos de fábricas), padrão (construía-se e colocava-se à venda) ou de renda (um dono só para uma vila de inúmeras habitações).

E hoje falaremos de uma destas vilas, que é até pouco conhecida pelos paulistanos:

Entrada da vila (clique na foto para ampliar)
Entrada da vila (clique na foto para ampliar)

Construída nas primeiras décadas do século, a Vila Adelaide é um conjunto residencial originalmente composto de 9 habitações na parte interna e mais dois na área externa. Localizada no bairro de Santa Cecília, a vila é acessível pela rua Dr. Frederico Steidel, via que liga o Largo do Arouche até a avenida São João.

Hoje basicamente composta de cortiços, a Vila Adelaide foi projetada para abrigar moradores de classe média e é composta de amplos sobrados com porões. Para chegar até o interior da vila é preciso entrar por uma estreita rua (foto anterior).

clique na foto para ampliar
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Além das residências que estão na área interna, a vila ainda conta com dois outros sobrados – bem maiores que as demais – que tem suas entradas diretamente pela rua Dr. Frederico Seidel. Pelo padrão destas duas habitações (foto abaixo) é possível que as mesmas foram a residência do construtor/proprietário e familiares.

Parte externa da vila (clique na foto para ampliar)
Parte externa da vila (clique na foto para ampliar)

Com o passar dos anos, a fuga dos moradores tradicionais do centro de São Paulo para outros bairros afetou muitas das vilas residenciais de bairros como Bom Retiro e Santa Ifigênia, o que levou a mudança no perfil destas habitações. Especialmente a partir de meados da década de 1970 locais como a Vila Adelaide passaram a ter um perfil mais popular, os chamados cortiços.

E é neste período que o número de moradores por habitação destas vilas tem um considerável acréscimo. Áreas antes utilizadas apenas para fins de depósito, como os porões, foram modificados para comportar moradores.

Para obter valores próximos ao de épocas mais lucrativas, proprietários passaram a desmembrar as grandes residências em mais frações. Aluga-se para mais pessoas, por valores menores, diminuindo assim a qualidade de vida nestes imóveis.

Atualmente a Vila Adelaide faz parte do Plano Municipal de Habitação, que pretende readequar imóveis para a moradia. Mais detalhes podem ser obtidos aqui.

Veja mais fotos da Vila Adelaide:

Curiosidade:

A cidade de São Paulo teve não apenas uma, mas duas vilas Adelaide em sua história. A mais antiga – e também mais famosa – não existe mais e já foi demolida muitas décadas atrás:

Divulgação

O pomposo palacete acima, também conhecido como “castelinho” era localizado na avenida Higienópolis e foi projetado e construído pelo seu próprio morador, o engenheiro e arquiteto alemão Maximiliano Hehl.

Famoso por ter projetado a Catedral da Sé, Igreja da Consolação e também a Catedral de Santos, Hehl deu a sua residência o nome de sua esposa. A Vila Adelaide de Higienópolis fazia homenagem direta a Adelaide Schritzmayer Hehl, filha de João Adolfo Schritzmayer , que possuia uma grande fábrica de chapéus no Vale do Anhangabaú.

Em breve voltaremos a falar sobre este importante palacete.

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