Não é novidade que a opção desproporcional pelo automóvel ao invés do transporte coletivo de qualidade, trouxe inúmeras vias paulistanas para uma situação de degradação. Foi assim no passado com o corredor Rangel Pestana-Celso Garcia, a avenida Santo Amaro e, mais discretamente, ocorre agora também na avenida Rebouças.
Basta aproveitar o péssimo trânsito desta via, eternamente congestionada, para observar a grande quantidade de imóveis, especialmente casarões, fechados ou abandonados.
Esta infeliz realidade acompanha a via por quase toda a sua extensão, mas é mais contundente após a Henrique Schaumann até a marginal do rio Pinheiros, incluindo os vários imóveis da avenida Eusébio Matoso.
No número 2600, encontramos esta bela construção retratada aqui, que outrora fora residencial e posteriormente comercial. Desde a desocupação do imóvel, já há algum tempo, por uma empresa de engenharia, o imóvel começou a sofrer um lento e gradual processo de deterioração.
Embora ainda preservado em suas características originais, a casa sofre com o vandalismo, através de pichações que deixam sua marca nas paredes da residência. A ausência de muros ajuda a facilitar a ação dos pichadores.
Todo e qualquer imóvel, especialmente estes de maior riqueza arquitetônica, necessitam estar operacionais. Seja como residência, seja como ponto comercial, o importante é que tenham uma função.
Entretanto, parece que a crise econômica que assola o país neste momento faz como uma de suas primeiras vítimas, os imóveis de padrão superior, mas de finalidade comercial são os primeiros a serem desocupados. Teoricamente dá para morar ainda por ali na Rebouças, mas não será uma experiência muito bacana, com o excesso de trânsito, poluição e ruído.
No dia que fotografei esta casa antiga, aproveitei para caminhar pelo corredor Rebouças-Eusébio Matoso e foi possível constatar que muitos dos casarões ali localizados estão fechados.Ostentam placas de aluga-se e/ou vende-se, e muitas já estão nesta situação há muito tempo, coisa de meses ou anos.
No passado esta casa serviu de residência a uma pessoa chamada M.S. Racy Jr e nos anos 1950 e 1960 o telefone do imóvel era 80-3935.
Veja mais fotos (clique para ampliar):
ATUALIZAÇÃO 15/09/2017:
Este imóvel foi demolido no final do ano de 2016, juntamente com duas outras casas vizinhas, sendo uma delas a conhecida ˝Casa do Gatinho˝.
Respostas de 11
Na Eusébio Matoso, derrubaram várias casas (não tão antigas), na altura da esquina com a Diogo Moreira. Não sei exatamente quando foi, mas é coisa recente, poucos dias, no máximo poucas semanas.
Eu nasci na rua João moura 515, no ano de 1960 era uma vila de casas geminadas e era conhecido como navio negreiro eram a maioria italianos e eu quando criança ia com minhas primas e tias passear na Rebouças para ver essas magníficas casas ,ver os carros nas garagens era só luxo e para nós que eramos pobres era um divertimento é triste ver como se encontra hoje essa avenida que era tão bonita.
Sm, mas na medida em que a Av. se tornou uma avenida de passagem, uma ligação entre o Centro da cidade e ou outro lado dela, ficou difícil habitar nesses casarões. Imagino se fosse possível dividi-los em apartamentos ou studios, como ocorre em outras cidades no mundo se isto não garantiria o uso.
Charmosa essa residência pena que esta vandalizada!!!!
E não querendo desanimar, mas já desanimando, do jeito que o mercado imobiliário anda parado e com o agravante de essa casa ficar numa avenida de movimento onde tem poluição e barulho, a tendência é infelizmente ela se degradar ainda mais.
Uma pena que nosso país apague sempre o passado.Quando dizem que um imóvel foi tombado ele literalmente tomba( cai) …País sem memória …
Amada, Elisabete… Farei uma gentil correção.
Não é em todo país. Pois, Curitiba seria um exemplo de conservação de sua história antiga.
Posso citar gracioso acontecimento… a reforma da Praça Tiradentes.
Lá, enquanto a construtora escavava a praça para uma reforma completa, encontraram sem querer, o “1º piso” da cidade – (da época dos tropeiros). O senso de preservação prevaleceu – pois, já é uma “política” da cidade… às vezes, alguém (endinheirado) até consegue colocar abaixo algum imóvel antigo, MAS… É DIFÍCIL isso acontecer, pq a prefeitura, geralmente, intervém e não permite.
Após a descoberta, as obras foram paralisadas; antropólogos foram chamados, e, quando foi confirmada a informação… TODO O PROJETO DA REFORMA FOI REFEITO, PARA GARANTIR A PRESERVAÇÃO HISTÓRICA.
Você pode procurar fotos no Google, e assim, poderá ver qual maravilha fizeram para que TODOS pudessem apreciar uma pequena parte da história brasileira, em Curitiba.
Como SP é uma “Curitiba muito maior”, eu, sinceramente, esperava o mesmo pingo de bom senso e cuidado.
Lamento profundamente, o descaso com a própria história.
Se não conhece a capital do PR, mas gosta de arquitetura antiga… lá é o lugar mais apropriado para vc se deliciar com isso. Eu garanto, rsrsrs.
Quando puder… vá visitar.
Abraços fraternos!
Demoliram em dez de 2016 essa casa das fotos e a vizinha. Na verdade toda a esquina… por enquanto um grande estacionamento 🙁
Não sei se é esta uma casa comentada na revista Casa e Jardim n.º 1.
como estava em 12/23: https://shre.ink/8zlf
De acordo com meu pai – e sua excepcional memória – esta casa pertenceu ao sr. Milhem Simão Racy Júnior, um industrialista, do qual meu falecido avô foi advogado no período do pós-guerra até meados dos anos 50. Lembro-me, inclusive, deste fato sendo citado por meu pai sempre que passávamos em frente à casa durante minha infância. Do ponto de vista arquitetônico e histórico, trata-se de uma perda, sem dúvidas. Porém, considerando o quanto o imóvel havia decaído e sua situação periclitante, considero que seja melhor que dê espaço à uma nova construção, que possa, de fato, ter um uso. Algo que possa contribuir com o processo de gentrificação em vigência atualmente naquela região. Como ex-morador de Pinheiros – morei na Rua Cônego Eugênio Leite durante toda a minha infância – reconheço os impactos negativos da verticalização e do adensamento demográfico do bairro, porém, acredito ser mais positivo a ocorrência da gentrificação do que o panorama anterior do arredores da Avenida Rebouças, tomado por casarões abandonados, muitos com aparência fantasmagórica, utilizados por comércios de pouca relevância econômica.