Imóvel de 1904 – Largo do Rosário 95 a 107

Uma das maiores dificuldades do patrimônio histórico que encontra-se na mão de particulares é ter capital para mantê-lo preservado e apresentando-se em condições aceitáveis. Situação que é até compreensível quando se trata de residências ou pessoas de baixo poder aquisitivo.

Contudo, quando trata-se de estabelecimentos comerciais não se deve ter tolerância. O caso a seguir é um claro exemplo disso:

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Localizado no Largo do Rosário, no bairro da Penha, este imóvel é uma belíssima construção de 1904. Esta fachada de concepção de muito bom gosto é vítima da falta de atenção de seus proprietários e da ingrata fiação aérea, além da ausência de uma fiscalização mais efetiva por conta do poder municipal.

Este local foi até alguns anos atrás ocupado por duas lojas, sendo que a do número 97 era um dos estabelecimentos mais tradicionais do bairro, chamado Penhita. Entretanto, a tradição do comércio infelizmente não é aplicada ao imóvel de mais de um século de história.

Fachada mesmo mal conservada é encantadora (clique na foto para ampliar)

Antes da Lei Cidade Limpa esta fachada – tal qual muitas outras – ficava escondida por um grande letreiro que dava destaque aos nomes das lojas. Mesmo após a remoção do letreiro, nada foi feito para restaurar a fachada.

Seja o proprietário, um terceiro ou as lojas que ali estão instaladas, é inaceitável deixar esta fachada nesta situação. Em outros países haveria uma fiscalização atuante, que obrigaria a fachada a ser restaurada e aqui não deveria ser diferente.

Detalhe da fachada (clique na foto para ampliar)

Podemos dizer que manter esta bela arquitetura assim é até uma visão tacanha do responsável pelo imóvel. Em um local de grande importância histórica como é o Largo do Rosário, esta fachada preservada poderia ser um atrativo para clientes que admiram a arquitetura e inúmeras pessoas que visitam a região diariamente.

No Largo do Rosário existe a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e poucos metros dali está a Igreja Nossa Senhora da Penha, patrimônio histórico e uma das mais antigas igrejas da cidade.

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São bem conhecidos os benefícios que o empresário pode ter com seu imóvel antigo preservado. Além de atrair uma clientela maior é benéfico para a cidade e pode estimular vizinhos a fazerem o mesmo, melhorando a região e a convivência entre pessoas e o espaço público.

Por fim, seria ideal que a prefeitura, através do Departamento de Patrimônio Histórico, pensasse na educação patrimonial nos bairros, com o propósito de além de permitir uma melhor observação ao patrimônio, o aumento da fiscalização e cobrança de casos assim por parte de moradores próximos.

Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga

Artigo atualizado em 08/06/2022 – Adicionada nova imagem principal

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Respostas de 14

  1. Boa tarde. Esse imovel foi um cinema quando da sua construção. Tem inclusive elevadores na parte do fundo que dá saída a uma rua paralela.

  2. Para que tal acontecesse, seria necessário mudar a cultura do povo.E isso eu penso que é o mais difícil.
    Por exemplo: eu falo com algumas pessoas que eu gosto de apreciar casas antigas, ou que tem um, site especializado chamado “São Paulo Antiga”, eu percebo que essas pessoas ficam admiradas com o meu interesse, meio que não não compreendendo como alguém possa gostar disso. É difícil!

  3. Vocês entraram em contato com o dono/locatários das lojas para saber se eles tem condições de arcar com os custos de um restauro? É tão barato, simples e rápido um restauraçao de verdade? Os lojistas são tão “tacanhos” ou “desatentos assim” que não desejam a fachada restaurada? Vocês questionaram tudo isso?

    Esperava algo menos tendencioso e um pouco mais de cuidado da parte de vocês…

    1. Saviano, desculpe mas é obrigação do proprietário zelar pelas condições do seu imóvel. E há uma lei municipal que pode multar prédios e imóveis que estejam aquém de suas condições ideais, criada pelo prefeito Jânio Quadros. Se você viu algo “tendencioso” aqui, faltou interpretação de texto. Não há nada de tendencioso aqui, mas há a opinião editorial, que é contrária a descasos com o patrimônio histórico. Esta será sempre nossa premissa. Se não há a possibilidade de um restauro há, no mínimo, condições de pintura. Sinceramente há tintas de todos os preços no mercado.

  4. Esse descaso com esse belíssimo imóvel, é o resultado de governos corruptos, incompetentes, tocados por pessoas ignorantes sem a menor qualificação, mas cheios de ideologias demoníacas! Somado a isso, um povo sem informação e não menos ignorantes, que estão mais atentos as idiotas novelas da TV e o futebol…

    1. Antonio Carlos, apoiado, sou tb. admirador de obras belissimas do passado, porem o que se é desanimador, há pouco passando pela rua Florencio de Abreu,no lado esquerdo de quem segue p/ o bairro, um casarão caindo aos pedaços, sua fachada é grandiosa, mas está terrivelmente arruinada, porem sabe-se que aquela rua é rica em negociante bem estruturados financeiramente, mas parece que nada é mais importante que o vil metal.

  5. Douglas bela matéria, parabéns.

    Ha também duas casas na rua João Teodoro, próximo da Luz, também do mesmo ano que valem uma matéria. Muito lindas, proem viraram o que aparenta seu um cortiço, e também estão com suas fachadas descuidadas.
    Abraços.

  6. Muito importante nesse trabalho de preservação da memória da cidade. A sociedade deveria ser mais atuante na conservação da historia da cidade.
    Parabéns pelo trabalho.

  7. Não sei se era nesse local ou bem próximo, há mais ou menos uns sessenta anos existia um restaurante/cantina de nome SÃO LUIZ. Era o nosso programa de fim de semana.

  8. Hoje passei por esse imóvel e fiquei admirando os detalhes e indignada com o péssimo estado de conservação. É inacreditável que uma das maiores cidades do mundo, trate seu património histórico dessa maneira. Não resta quase nada da arquitetura histórica na nossa cidade e o pouco que resta, está mal conservado. Parabéns Douglas pelo seu projeto São Paulo antiga, pelo seu incrivel trabalho de pesquisa, registro e luta pela conservação do pouco de história que ainda nos resta!

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