Os suicídios são um assunto tabu praticamente em todas as esferas da sociedade. Este drama atinge ricos e pobres, pessoas de todas as etnias e nacionalidades e de todas as religiões.
No período da Belle Époque paulistana – especialmente a partir de 1914 – as ocorrências de suicídios aumentaram bastante em São Paulo, em decorrência da inauguração de uma obra viária que se tornou o prato cheio para os suicidas e desesperados: o Viaduto Santa Ifigênia.
Uma das mais importantes obras viárias paulistanas de seu tempo e até hoje de suma importância para o centro da cidade, ligando o Largo São Bento ao Largo de Santa Ifigênia, o viaduto – cuja estrututa de ferro foi importada e trazida da Bélgica já montada – foi inaugurado em meados de 1913.
Em seu ponto central, por onde hoje temos algumas paradas de ônibus, estava localizada a rua Anhangabau (foto abaixo) que naquela época era bastante estreita e margeada de inúmeras residências e estabelecimentos comerciais.
O que ninguém poderia imaginar naquela época, é que no ano seguinte a sua inauguração, o célebre viaduto em estilo art nouveau iria transformar-se no primeiro grande “point” de suicídios da capital paulista.
A primeira tentativa de suicídio pulando do viaduto Santa Ifigênia registrada foi em 6 de dezembro de 1914, quando um imigrante sírio chamado Dahir Assani pulou do viaduto e caiu na rua Anhangabau:
O fato era até então inédito neste viaduto, mas que já havia ocorrido algumas vezes no Viaduto do Chá, chamou a atenção das autoridades e também da imprensa, que sempre noticiava os trágicos acontecimentos.
Os suicídios neste viaduto foram bastante comuns entre a segunda metade da década de 1910 e a primeira metade da década de 20, quando começam a sumir das páginas dos jornais. Não é possível afirmar se os suicídios cessaram a partir deste momento, ou se deixaram apenas de ser noticiados, para não estimular outras pessoas a também pularem.
Abaixo está uma compilação que fizemos dos casos de suicídio noticiados neste período acima citado, pelo extinto jornal Correio Paulistano. Leiam as notícias e observem como estes tristes casos eram reportados na mídia paulistana. Todos os recortes foram extraídos do extinto jornal Correio Paulistano e suas datas de publicação encontram-se logo abaixo da notícia.