Quem frequenta o Parque d. Pedro II e arredores, além de ruas comerciais como a 25 de março, sabe da grande influência e atividade da comunidade árabe na região, especialmente de sírios e libaneses. E é bem por ali que se encontra um monumento que faz referência a gratidão dos imigrantes destes dois países a São Paulo:
Inaugurado em 1922, o Monumento Amizade Sírio Libanesa é uma obra do escultor Ettore Ximenez, o mesmo autor do Monumento à Independência, no Ipiranga.
Apesar de hoje estar localizado na Praça Ragueb Chohfi, bem no começo da rua 25 de Março, ele inicialmente ficava diante do Palácio das Indústrias.
O monumento foi ofertado ao Brasil por ocasião das celebrações do primeiro Centenário da Independência do Brasil e sua alegoria faz uma união das culturas de nosso país com as culturas síria e libanesa.
Atualmente um tanto escondido pelas árvores a seu redor, o monumento mede 14m de altura, cujo pedestal, feito em granito rosa mede 9,15m.
Escultura rica em detalhes, na parte inferior da apresenta um barco fenício representando o comércio, além de personagens que representam as Ilhas Canárias, o ensino do alfabeto, e a entrada dos árabes no Brasil.
No topo do monumento há três personagens humanos: Uma mulher representando a república do Brasil, um guerreiro indígena brasileiro, e uma outra mulher, esta árabe, que está ofertando algo ao guerreiro índio.
MONUMENTO É MAIS UM QUE ESTÁ PÉSSIMO ESTADO:
Aos 93 anos de idade, o Monumento Amizade Sírio Libanesa está em péssimo estado de conservação. Quando foi retirado de diante do Palácio das Indústrias a pedido dos lojistas, a razão era que mais próximo dos estabelecimentos comerciais se evitaria a depredação, mas não foi bem isso que aconteceu.
O monumento é frequente alvo de vandalismo e também serve de banheiro por parte de moradores de rua e usuários de drogas. Por toda a sua base granito é possível encontrar pichações.
As duas placas de bronze que ficavam na base na parte dianteira da obra (veja-as na segunda fotografia deste artigo) foram furtadas há anos e hoje restam apenas as marcas e os furos (foto anterior). As placas tinham os mesmos dizeres em cada uma delas, sendo uma escrita em português e a outra em árabe.
Além disso, alguns pedaços da escultura já foram arrancados para possivelmente serem derretidos e revendidos, como o braço de um dos fenícios.
Por fim, a placa de mármore que instalada pelo prefeito Jânio Quadros em 1988 está tão suja e desgastada que é quase impossível ler seus dizeres:
O São Paulo Antiga tentou entrar em contato com a Secretaria Municipal de Cultura, através de sua assessoria de imprensa, para saber se há planos para restauração ou limpeza do monumento, mas até o fechamento desta matéria eles não haviam enviado uma resposta.
Até o ano passado a obra era cercada por um gradil, que de alguma maneira dava uma maior proteção ao monumento. Desde que ela foi retirada pela prefeitura o monumento virou um banheiro ao ar livre e cheira tão mal que é quase impossível permanecer diante dele em algumas horas do dia.
O que foi ofertado pela comunidade síria e libanesa com um ato de amizade é tratado com muito desrespeito por algumas pessoas e também pelo poder público. Esta triste sina parece envolver 9 de cada 10 monumentos públicos de São Paulo.
Veja mais fotos do monumento:
Artigo atualizado em 21/9/2022