Villa Gallet

Atualização 1 – 29/01/2014: Atualizamos o nome do local, de acordo com as informações que nos foram fornecidas.
Atualização 2 – 29/01/2014: Novas fotos adicionadas no decorrer do artigo, enviada por leitores.

Dizem que na vida tudo e todos tem um preço, basta chegar com o valor certo e na hora certa. E é essa a impressão que eu tenho ao testemunhar o fim de uma das mais antigas e belas construções do bairro de Santana, a adorável Villa Gallet.

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Localizada no número 403 da Rua Alfredo Pujol, é aquele tipo de construção histórica que você espera que dure para sempre, mas quando você menos espera ele desaparece. Construído entre o final do século 19 e início do século 20, a Villa Gallet era um belo casarão que por muito tempo resistiu à especulação imobiliária.

No local, nos derradeiros anos, funcionava um bar e também um interessante centro cultural que trazia uma atração diferenciada a esta importante via de Santana, que hoje basicamente é comercial. Chamado de Fim do Mundo Bar e Espaço de Cultura,  era praticamente um oásis ao meio da correria e agitação da região.

Fim do Mundo Bar / Crédito: Divulgação

Para nossa surpresa o casarão foi abaixo e a área irá abrigar um novo empreendimento imobiliário. Fica a pergunta mais uma vez sobre a real utilidade e competência do órgão municipal de patrimônio histórico, o DPH e a também o Conpresp. Como não tombaram uma imóvel de tamanha importância para história de Santana ? Como deixaram isso acontecer ?

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Apesar de sabermos da relevância do casarão demolido e também de sua antiguidade, sua história e praticamente desconhecida. Não sabemos exatamente o ano de sua construção (há quem diga que é de 1880 mas não conseguimos confirmar), quem o construiu e quem morou por ali. Por pouco, nem mesmo fotografias teriam sobrado para contar a história, não fossem as imagens salvas do Google Street View. Foi o fim da linha para o Fim do Mundo e para a Villa Gallet.

Vista do casarão e da Rua Alfredo Pujol (clique na foto para ampliar).
Vista do casarão e da Rua Alfredo Pujol (clique na foto para ampliar).

Tal qual este casarão, quantos outros foram destruído sem ter sua história documentada e fotografada por toda São Paulo? Já parou para pensar o tamanho do estrago na memória iconográfica de São Paulo que a ineficiência de nossos órgãos de defesa do patrimônio histórico causam para a cidade ?

Somos reféns dos péssimos serviços prestados pelo DPH, Conpresp e pelo estadual Condephaat que dão passos de tartaruga enquanto a especulação imobiliária correm a passos de velocista queniano.

Num futuro não muito distante não teremos muito de nossa história para mostrar, alguns nem mesmo através de fotografias.

Abaixo, duas fotografias do casarão durante a demolição (clique para ampliar):
Crédito: Daniel Forli

Crédito: Daniel Forli
Crédito: Daniel Forli
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Respostas de 34

  1. Douglas, bom dia. Como o munícipe, contribuinte, pode se manifestar e exigir mais respeito à tradição e memória histórica da cidade? Como podemos promover, através das midias sociais, de abaixo-assinados, etc. a reunião desses munícipes para pressionar vereadores e o próprio DPH – aparentemente, uma agência inútil – para copiar procedimentos de países mais adiantados? Vou sempre aos EUA, passo lá um terço do ano, aproximadamente. Sempre em uma casinha na Nova Inglaterra de – pasme! – 1875. E, na redondeza, a maioria das casas é dessa época. Muitas vezes ostentam placas, junto à porta de entrada, com a data da construção e, eventualmente, dados do morador original. Respeito. Cidadania. Memória. Essas casas são, em seu interior, modernas, com todos os confortos. Mas nada mudaram por fora, exceto pela necessária manutenção. É de chorar que aqui tudo seja desprezado.
    Marcia

  2. Frequentei esse lindo casarão nos anos 80 quando nele funcionava a escola de inglês Yázigi. Saudades do casarão, era uma linda casa tanto por dentro quanto por fora.

    1. Não são tapumes, é uma espécie de “cerca” que dava um pouco mais de privacidade ao Bar do Fim do Mundo que funcionou ali antes de fechar.
      Quando demoliram não se preocuparam com estes detalhes… rs

  3. Douglas, eu era vizinho desse antigo casarão, morava na rua debaixo. Quando fiquei do fechamento do bar em 2012 já suspeitei que a demolição seria breve. Muito triste pois era um lugar que eu frequentava sempre. Sem conta em toda a historia e beleza perdida. Se quiser tenho algumas fotos do local quando funcionava o Fim do Mundo.

  4. é lamentável ! Passo frequentemente pelo bairro da Água Branca, próximo do parque da água branca..perdizes… Ouvi dizer que não poderia construir prédios nesse bairro. As casas são lindas, acho que dos anos 50/60 , não sei mto bem…Mas o que estou vendo é só demolições e a construção de vários prédios….

  5. Como assim frequentou o casarão, Carla?!
    A villa Gallet pertenceu à mesma família desde sua construção até ser vendida e virar bar. Meu tio era o proprietário e morou lá por quase 50 anos; a esola de inglês a que se refere era ao lado. Os alunos não tinham acesso ao quintal da Vila Gallet, muito menos ao interior da casa que servia de residência da família.

    1. Boa noite

      Minha Familia possuía uma barbearia na Amaral Gama, e tinha uma senhora que me lembro e se nçao me engano, chama-se Julia Gallet, uma senhora alta, de cabelos brancos, olhos claros, ela frenquentava o salão e acabei por pegar amizade com ela, muito simpatica, me contou se a memória não engana que morava ali com as duas tias, e me levava Jaboticabas, colhidas ali no quintal da casa mesmo, em uma de nossas ultimas conversas já mais ou menos entre 1996 e 2003, lembro que ela comentou que uma das tias havia falecido e que se mudaria para o Guarujá, peço desculpas se minha memória me enganou em algum momento. Há sim o casarão era do ano de 2012, e segundo essa senhora que creio se chamava Julia, perdeu parte de seu jardim para o alargamento da Rua Alfredo Pujol.

      Abraços, e uma pena ver o velho casarão ir para o chão.
      Alexandre Chulvis

    2. A escola de inglês ficava ao lado, a construção era parecida, mas não fazia parte do mesmo imóvel.

  6. É revoltante ver patrimônio paulistano indo ao chão dia após dia e os órgãos que se dizem competentes nada fazerem. Eis o presente de aniversário que SP ganha!

  7. Pq vc ão fez matéria semelhante antes de isso acontecer Douglas. Se nem vc com todo esse currículo teve voz para impedir isso, imagine as pessoas, que muitas delas não sabem nem o que é história, qto mais preservação. Pq vc não acionou ministério público, ou não agregou pares para isso?

    1. Chirs, nem sempre eu consigo chegar a tempo de ver um imóvel antes de ir abaixo. Eu sou um só e a cidade é muito grande.
      O link “Denuncie” serve justamente para as pessoas avisarem do que está a ocorrer. Infelizmente neste caso quando soubemos não havia mais nada em pé.

      Abraços

  8. Pois é…como já perguntei em outra oportunidade: quem fiscaliza o trabalho desses órgãos? Eles devem satisfações a quem? Não há um auditoria para esses assuntos? Como podemos mudar isso?

  9. Para nós , paulistanos, é triste vermos que não conseguimos manter viva a nossa memória. É uma estupidez o novo tomar o lugar do antigo, ambos poderiam coexistir. É triste também nas periferias, casa serem demolidas para darem lugar à condomínios que mais parecem cortiços, um terreno que abrigava uma casa hoje abriga três sobrados que mais parecem gaiolas, de tão pequenos. Parece que estamos órfãos, pois os órgãos que deveriam fiscalizar, ou, não fazem nada, ou, fazem vistas grossas. As incorporadoras estão livres para fazerem o que querem com a nossa cidade, que já não anda mais. É triste.

  10. Douglas
    Não é vila Callet e, sim, Vila Gallet com G; é o sobrenome francês da família que construiu e viveu no casarão por quase um século.

      1. A inscrição é da primeira década do séc. XX, qdo ficou pronta a casa. Pode ser que dando um zoom na foto do google q vc postou não dê pra ver o G de Gallet, tenho certeza do que falo, pois ( como citei em comentário anterior) era a casa de um tio meu e frequentei por mto tempo…Abs

    1. Obrigado pelo esclarecimento. Parentes do compositor Luciano Gallet? Por outro lado peço a gentileza de removerem meu outro comentário ao final da página.

    1. Marta
      Li o que escreveu e muito me emocionou.
      As duas senhoras eram duas irmãs sim. A Eunice (Tia Nini) e Carmem (Tia Carmen).
      A cuidadora que você mencionou era uma sobrinha delas, que cuidou das duas com muito amor até a morte das duas.
      Fico feliz em saber que o Casarão está presente na vida de muitas pessoas assim como na minha.
      Um grande abraço.

  11. A `Prefeitura, Governo do Estado, estão pouco ligando para a memória da cidade.
    O que os nossos governantes querem é dinheiro. Tudo por dinheiro.
    Todos esses prédios construídos nos locais onde existiam essas casas e mansões, e que milhares de árvores tombaram para dar lugar a essas torres de concreto, um dia também terão o seu fim.
    Esses locais onde existem agrupamentos de edifícios, se tornam insalubres.
    Dentro desses ambientes, a luz solar se torna escassa. As áreas de lazer é de todos condôminos. A liberdade é restrita, e como dizia meu pai é um cortiço melhor organizado.
    Sem dizer que as ruas ficam lotadas de veículos quando algum parente ou amigo resolve vir fazer uma visita.
    Na maioria das vezes em ruas que existem muito prédios e de vários andares, o visitante não encontra vaga para estacionar.

  12. Realmente. é de chorar assistir esta destruição diária da história da cidade.
    É preciso leis severas e fiscalização com punidade .MAS TAMBÉM É PRECISO PARTICIPAÇÃO E INTERESSE POPULAR.
    Proponho um movimento pela internet, solicitando provIdências urgentes, para impedir a destruição do pouco que restou do patrimônio histórico.
    Proponho iniciarmos um abaixo assinado exigindo o tombamento da VELHA SÃO PAULO, que deverá ser restaurada e preservada,a exemplo de antigas cidades europeias;A VECHIA ROMA, la VIEJA MADRID, CENTROS DE Paris e LONDRES, enfim de paises que preservam sua tradição..
    Solicitar a participação de arquitetos.,advogados,educadores, historiadores,assistentes sociais,como eu.. enfim profissiconais interessados, de todas as areas,,particulares e públicos, da area municipal e estadual para elaborar plano e programas de ação .ÉimprescinDível o delineamento do centro histórico, desde o BOM RETIRO,CAMPOS ELÍSEOS , e adjacências, até jardim EUROPA, , OCUPANDO .ESTES EDIFÍCIOS ANTIGOS com museus e centros culturais., a começar com o abandonado PALÁCIO DO GOVERNO DE SÃO PAULO,ANTIGO,BAIRRO TRADICIONAL DE CAMPOS ELÍSEOS que está abandonado e pelo único palacete que sobrou da avenida PAULISTA,PERTO DO MASP,que poderia ser uma continuidade do museu e está em total decadência. Posteriormente levantar pontos históricos nos bairros. bASEAR-SE EM TRABALHOS DE PESQUISA JÁ EXISTENTES, da iniciativa governamental e particular.
    PROPONHO:
    Criar uma associação de preservação histórica da cidade,com a finalidade de convocar e reunir cidadãos interessados, em cumprir com o dever social de preservação do patrimônio histórico de nossa querida São PAULO.
    PrImeiramente, devemos justificar e ste movimento e traçar metas,como por exemplo:

    Elaborar estudos iniciais e , pressionar a participação da iniciativa particular,,grandes empresários, comerciantes, construtores,banqueiros, detentores de poder econômico, para participar da proteção e reconstrução das ares históricas e não da destruição radical ,como vem acontecendo, e , pressionar a ação governamental,tirando da inercia vereadores eleitos pelo povo ,que pouco fazem.

    Douglas, sua iniciativa é muito louvável, mas ,uma andorinha só não faz verão e a união faz a força.
    Vamos nos unir para elaborar um projeto inicial de ação? primeiramente , ^poderia ser feito um CHAMAMENTO, para participação popular neste movimento., através da internet.
    Será uma primeira conversa visando a a participação popular efetiva..
    Eu,já deixo o meu nome e email. obrigada pelo seu interesse e iniciativa. um abraço
    zilda

  13. Sempre que penso nos “grandes empreendimentos imobiliários” que tomarão conta de um terreno que antes tinha casinhas ou um palacete, na quantidade de esgoto que prédios de tamanho porte adicionarão à região. O impacto destas imensas construções não é apenas no trânsito, na história e na qualidade de vida mas também em coisas que a gente “não enxerga” de primeira…

  14. Vivi minha vida toda em Santana e passei por muitas vezes em frente desta casa, por volta de 1997/1998 me lembro que quase todas as manhãs eu via uma senhora bem velhinha sentada numa cadeira naquela entrada elevada, vi a casa se transformar no bar (quando colocaram aqueles bambus nas grades), creio que a senhorinha havia falecido e depois vi o lugar ser derrubado infelizmente. É uma pena ver Santana, se acabando em prol dos novos edifícios. Vi a casa que eu morava na Rua Con. Manuel Vaz, ser demolida e ter sido transformada em prédio, é triste.

  15. Casarão

    Caro Douglas.
    Vejo que compartilha do mesmo sentimento que eu. Realmente fiquei muito triste ao passar em frente ao Casarão (Casa da Tia Nini, como eu é minha irmã ainda o chamamos), local onde muito frequentei em minha vida.
    Sim, eu conheci o Casarão, brinquei naquele quintal, visitei meus tios em seus arredores e tenho boas lembranças dos domingos que lá passávamos.
    Ainda me recordo de cada cantinho de seu interior, do azul das grades do portão e do muito em contraste com o o branco das paredes e o vermelho do piso da escada que ficava na frente. Aquelas paredes já foram ocre, sabia?
    Ainda não vi um quintal com mais espaço e plantas para uma criança brincar e viajar nas suas brincadeiras e fantasias.
    A cozinha pequena (pequena mesmo!!!!), onde preparavam os lanches… A sala de costura, a sala de refeições rápidas e o grande salão de jantar, com um grande lustre no centro sobre uma grande mesa de jantar e um linda cristaleira, fazia um discreto conjunto com a sala de visitas de tamanho modesto e separada por paredes com arcos. A decoração toda do século passado, com direito a um relógio cuco…
    A escada de madeira, com degraus largos, que nós levavam ao andar superior onde ficavam os dormitórios e atrás desta escada ficava a despensa.
    Do lado esquerdo de quem olhava de fora, ficava a garagem e do lado direito, após a entrada da cozinha um escondido porão.
    Tudo isso ficará eternamente em minhas memórias e em meu coração.
    Um grande abraço.

  16. Moro no número 408 defronte ao que já foi a Villa Gallet (ou Callet como erroneamente chamava), nesta data 4/7/17, tem iniciada a construção de mais um famigerado edifício moderno, com seus montes de andares insípidos e sem graça, famílias de classe média alta morarão ali sem nenhum valor dar ao que esteve antes por ali naquelas terras, hoje transformadas na entrada e garagem subterrânea de seu imponente espigão. A casa da tia Nini e tia Carmen ficarão na memória da querida Juliana, na minha e de outras pessoas, a imagem de um lindo casarão branquinho, com uma senhora na varanda tomando seu banho de sol matinal. Que a Villa Gallet repouse em nossas lembranças de um passado que não volta mais.

  17. A casa parecia muito bem conservada pelas fotos. Possuía módulos poligonais interessantes, quebrando a monotonia de muitos esquemas tradicionais de telhados (disso ainda me lembro na casa que havia na Abílio Soares próxima à Bernardino de Campos, onde só se preservou a edícula com uma sala octogonal que dava para se ver da 23 de Maio. Somente para esclarecer, agora mesmo dei um zoom na foto e tiro a dúvida a todos vocês: VILLA CALLET (com C), homenagem a um possível sobrenome de origem catalã.

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