Decoração de natal em São Paulo em 1958

O São Paulo Antiga está constantemente adquirindo novas fotografias para o acervo e recentemente adquirimos um lote de imagens de um fotógrafo dos Estados Unidos que havia viajado ao Rio de Janeiro em 1958. Infelizmente o leiloeiro não soube identificar o nome do fotógrafo, que eu gostaria muito de saber quem foi.

Contudo, perdida entre cerca de meia dúzia de fotos da Cidade Maravilhosa, haviam duas fotos que estavam marcadas no slide como “Rio” mas eram de São Paulo. São as imagens que apresentamos a seguir:

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A foto acima é surpreendente e mostra a Avenida São João, na altura da Rua Vitória, no dia 24 de dezembro de 1958. Tirando a decoração de natal, este trecho da via pouco mudou nos últimos 55 anos. Mas, por outro lado, saíram os trilhos de bonde, mudaram os automóveis e os ônibus e muitas das lojas que por ali funcionavam não estão mais por lá.

Porém uma loja que há muito tempo não está mais por ali, mas está presente em todos os cantos da cidade é o nome mais marcante: a Kopenhagen. Teria sido este arco patrocinado por eles ? Com um “zoom” no slide foi possível observar a loja um pouco mais de perto e olhar com mais detalhe a antiga identidade visual da Kopenhagen, bem como observar outras lojas da avenida, como algo que parecer ser “Restaurante do Padrinho“, vejam:

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E aparentemente estas decorações de natal eram patrocinadas pelas empresas. Pelo menos no caso da outra foto de 1958, que mostra a Praça da República no mesmo dia 24.

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Esta foto é também muito interessante. Aqui, uma fotografia tirada pelo mesmo fotógrafo da anterior, bem na esquina da Rua do Arouche, onde hoje fica o ponto de ônibus que vai para o aeroporto de Guarulhos. Os trilhos de bonde ainda estão por ali e o Edifício Eiffel, de Oscar Niemeyer, que foi inaugurado em 1956, já despontava na paisagem.

Abaixo uma foto publicada no jornal ˝A Gazeta˝ de 1958, mostrando a Avenida São João decorada para o natal, mesmo trecho que mostramos no primeiro slide:

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O “Natal Feliz Cássio Muniz” é que dá a indicação que os arcos eram patrocinados pelas empresas. Afinal no lado direito da imagem é possível notar a fachada da empresa, que até a chegada da indústria nacional de automóveis era a principal importadora de veículos de São Paulo, bem como de eletrodomésticos e outros utensílios. O endereço era Praça da República 309.

Importantes registros de um já distante natal paulistano que agora foi possível conhecer mais de perto. Observando as duas imagens, o que melhorou e o que piorou entre o natal de 1958 e 2013 nos dois locais fotografados ? Comente!

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Respostas de 35

  1. Ah Douglas vc consegue mexer comigo….. rs… não a decoração como vc diz era das lojas…. é da loja que está a direita da foto. Pirani? Não… preciso mexer na minha memória, ou ir até o Registro de Imóveis….. outro dia ainda tentava me lembrar do nome da loja ao lado do Cinerama…… da loja no terreo do Andraus….. diga se vc sabe onde obter registros deste tipo e terei o maior prazer em fazer um pesquisa pra te ajudar. no entanto no caso específico da foto fica até fácil….. é o prédio onde desde sempre está o sindicato dos artistas…. quem sabe um síndico ou até um antigo escritório no prédio te digam…. alguma coisa, vagas lembranças de alguma coisa com automóveis, rodas? talvez…. vou ficar tentando me lembrar…. claro te conto.

    1. Uma dica, Sr. Paulo Goya: visite o Museu do Telefone no centro da cidade de SP (creio que na R. Benjamin Constant) e lá irá encontrar muito material para pesquisa da história recente (século passado) dessa nossa fantástica cidade. Boa sorte!

    2. Paulo Goya, boa tarde.
      O nome da loja qye vc está querendo lembrar ao lado do Cinerama Comodoro é Isnard.
      Abc, José Paulo

  2. Mais uma coisa para teu acervo histórico…. no Eiffel morou sempre Maria Olenewa, minha tia avó, casada com Henry Klaczko, que era irmão da minha avó Julieta que dá o nome ao Espaço Cultural. Foi do Eiffel que ela se jogou da janela em 1965. Voltando a foto talvez seja, por isso ficou na minha cabeça – automóvel – outra loja da Cassio Muniz…. quando li teu comentário sobre a segunda foto, vc dizendo que se trata do mesmo fotógrafo…. juntei as coisas…. tenho mais histórias sobre o Eiffel… te conto oportunamente…. abs e feliz Natal

    1. Maria Olenewa foi minha amada mestra de ballet. Inesquecível! Continua viva em meu coração! Prefiro lembrar de seus solos na sala de aula.

  3. A Praça da República, avenida Ipiranga, enfim o centro velho inteirinho está piorando cada dia mais.
    A prefeitura e governo estadual, não tem a mínima vontade em restaurar aquilo de belo de nossa cidade.
    Muitos prédios tão bonitos foram invadidos e a fachada deles é deplorável.
    O centro virou totalmente um depósito de mendigos e viciados, e muitos amigos e conhecidos, evitam ir até lá.
    Durante o dia é um perigo e durante à noite pior ainda.

    1. Ernani, lugares desocupados não são “invadidos”, são “ocupados”.

      Sugiro que visite e conheça alguma ocupação popular, como a da Rua Marconi, pra conferir o grau de organização. O Poder Público tem realmente que dar conta das fachadas, restauração e conservação, mas há que se cuidar dos viciados (como a prefeitura parece estar querendo fazer), não bater e prender (como tem feito o governo estadual).

      No caso das ocupações, deve-se regularizar a situação das famílias e transformar outros prédios abandonados em moradias populares, como parte do processo de reabitação do centro.

      1. Ricardo ,invadido é invadido. Não tenho casa própria,ralo muito pra pagar meu aluguel e nem por isso saio por ai invadindo imóveis.As pessoas querem tudo fácil e de mão beijada.Trabalhar pra conseguir e não invadir.Sinto muito a minha humilde opinião.

        1. Tereza, com todo o respeito. Tem que ser ocupados sim. Se esses imóveis estivessem na Alemanha, já teriam sido expropriados. Pois lá, você não pode ter um imóvel numa zona com toda a infraestrutura estatal, vazio, ou seja, sem contribuir para a manutenção dessa infraestrutura. Muitos desses imóveis estão com milhões de reais em dívidas e caindo aos pedaços liberalmente. Quando não caem sobre as pessoas. A prefeitura não tem que fazer reparos em propriedades privadas sem o devido pagamento de impostos. E estes, só virão a ser pagos, se forem ocupados.

          1. Que imóveis vagos numa zona de infraestrutura densa como a de São Paulo devam de alguma forma ser ocupados, isso é fato. Mas a degradação dos espaços públicos é ruim para todos, inclusive para as famílias que moram nas ocupações. Generalizar e esquecer de certos fatos para destacar outros que se encaixam num certo rol ideológico também não contribui em nada. As ocupações no centro de sao paulo, onde moro são, em sua maioria, organizadas mas abrigam em muitas delas pontos de tráfico de drogas, como é o caso de um hotel ocupado na rua Conselheiro Nébias. Há também o fato causado pelos usuários de drogas que, evidentemente, é, a princípio, um caso de saúde pública. Até o momento em que você é assaltado ou agredido por um deles, fato que se tornou recorrente e colocou o centro de São Paulo novamente no mapa da violência. Basta consultar os mapas recentes e ver a natureza dos delitos. A maioria dos casos são assaltos de bolsas, carteiras e celulares, e as agressões nesses assaltos são em grande parte contra idosos e mulheres. A partir daí torna-se também um caso de segurança pública. Há também o problema da corrupção policial, pois muitas vezes vemos nos noticiários os próprios agentes de segurança envolvidos no tráfico de drogas. Ou seja, os problemas são muito mais complexos do que a cômoda visão de opressores e oprimidos. Exige vontade política e coragem para enfrentar velhos e novos problemas estruturais que dizem respeito à segurança e o bem estar de todos.

  4. Ao olhar a foto de 58 vem a nossa mente os contrastes, a distancia de 55 anos e de muitos milhoes de habitantes nos remete a pensar, evoluimos na qualidade de vida?
    Feliz Natal
    F.Rizzolo

    1. Pois é… hoje que temos a tecnologia com câmeras digitais, essas não tiram fotos com esse colorido.

  5. Muito bonitas as fotos, de uma qualidade e colorido incrível para fotos de 1958. O mais curioso é ver as placas com de “estacione” ou “proibido estacionar” com um P ou P cortado respectivamente, clara referencia as placas americanas (Parking e No Parking).

  6. No Natal de 1958 já havia completado 11 anos de idade, e lembro bem do ônibus coletivo que aparece na foto. Eram os Leyland ingleses que possuíam um forte odor de óleo diesel que contribuía no enjoou das pessoas. E talvez o apelido fosse Bonitão ou algo assim apelidado pelo povo. As grandes lojas da época: Pirani, Eletro Radiobraz – Mappin, Cássio Muniz, Três Leões, Isnard e Mesbla.

  7. É difícil deixar uma resposta positiva ao olhar essas fotos e ao conhecer cotidianamente esses locais… Talvez fosse necessário a cada novo prefeito passar por um ‘intensivo’ de imagens e histórico da cidade… …não basta visitar uma ruína social como atualmente está o centrão para achar que o pouco que se propõe já vale alguma coisa! O único aspecto positivo que encontro é a redução da emissão de poluentes dos ônibus – como frisado no no ônibus inglês… mas que charme de design… Quanto a ‘decoração’… na minha opinião ela nos últimos 6 anos não há novidade na Paulista – onde se concentra toda a decoração ‘turística’ – e desde sempre como vemos com temas genéricos mas será que não havia PRESÉPIOS? Hoje esses temas parecem banidos por uma agenda laica para a data… e regiamente custeado pelo erário público…

  8. Belo achado! Concordo com o sr. Ernani quanto ao Centro ser, infelizmente, ´”depósito de mendigos e viciados” e os governos inaptos não importarem-se com sua recuperação.

  9. Douglas sou insistente…. continuo fazendo a pesquisa…. Isnard, Cassio Muniz, Clipper, …. estou fuçando no acervo do Estadão … um dia chego lá rs…. Feliz Ano Novo

  10. Classificaria estas fotos como incríveis….simplesmente porque a minha geração aprendeu a imaginar o passado sempre preto e branco. Incrível como até choca imaginar a cidade colorida há 50 anos atrás. Linda documentação.
    Que este ano de 2014 venha cheio de cores, e que nossa memória jamais se perca!
    Feliz ano Novo a todos…

  11. Desde que me conheço como gente O Centro de São Paulo sempre foi e pelo visto sempre será um Antro, assim como parece ser o centro de toda grande cidade: Lindo bonito de se ver, principalmente nas fotos, mas Medonho para morar, poluição, barulho, sujeira…”Curva de rio…”

  12. Eu me lembro que até o início da década de 80 quando eu era moleque faziam essas decorações de natal nas ruas, pois me lembro na época da Rua Silva Bueno no Ipiranga toda iluminada com enfeites de Natal quando eu ia passar o Natal na casa de minha bisavó já falecida, pena não ter fotos da Silva Bueno nessa época.

  13. Sim, pode ser “Restaurante do Padrinho”, mas o instinto me diz que é mais provável que seja “Restaurante do Pedrinho”… o que acha?

  14. Na segunda foto,onde tem a Kopenhagem,no canto direitoaparece escrito Cultura….era ali à Rádio Cultura no número 1250.

    1. Rádio Cultura maravilhosa que até hoje nos traz um pouco de conforto em uma cidade e realidade cada vez mais caótica e insana. Que rádio fenomenal. 103.3 recomendo a todos o dia todo.

  15. Caro, aprecio muito o seu trabalho, mas como vivi essa época, e em 58 tinha dez anos, posso lhe garantir que quem patrocinou o pórtico foi uma loja de eletrodomésticos chamada Três Leões, pois vc pode conferir os três leões estampados, sendo dois do lado direito e um do lado esquerdo. A loja Três Leões de há muito deixou de existir, mas ficava lá, nesse trecho da São João. Waldemar Ciglioni, professor e também memorialista. Abraço e Boas Festas.

  16. Tem um fotógrafo gringo, Donald Hudson, que postou fotos de ônibus antigos no site “Ônibus Brasil”. Não seria ele que estão procurando?

  17. Segundo o historiador Gilberto Calixto Rios, trineto do pintor Benedito Calixto, a faixa com os votos de Feliz Natal foi colocada pelo Magazine 3 Leões, que ficava no prédio ao lado.

  18. Douglas, li a maioria dos posts desta matéria e acho que a história dos magazines destacados, Mappin, Mesbla, Isnard, Cássio Muniz etc merecia ser contada. Fica a sugestão, abraços

  19. Na década de 60 eu tinha uma 16 anos trabalhava na loja Ao Gaúcho, na época do Natal além dos enfeites, eles colocavam autofalantes nos postes, e ficava tocando o dia todo as lindas canções de natal, que saudades daquela época.

    1. Simplesmente maravilhoso! Isso era aqui mesmo em SP? Eu imaginava algo assim somente em filmes ou sonhos. Isso realmente aconteceu? Que coisa linda. As pessoas não imaginam o poder que isso tem. Que lembrança fabulosa.

  20. Que saudades da época que o que era vangloriando e apoiado era a luz e não a escuridão. Quando as casas e as pessoas decoravam suas casas e tinham atividades especiais para o Natal e não halloween. Quando músicas de Natal eram tocadas nesses meses e não músicas falando de sentar ou mete aqui e ali ou algo assim. É meus amigos, muito mudou pra pior. Mas o descaso com o Natal, sua decoração e, acima de tudo, o poder que a mesma e as comemorações tinham de trazer um pouco de paz e tranquilidade, além da magia, é imenso. Eu lembro de todos os anos andar pela cidade com a família passando por ruas e mais ruas decoradas, casas, prédios, empresas. A excessão era quem não decorava. Isso foi diminuindo e diminuindo até chegarmos nesses últimos 2 anos que quase nada vi. Uma cidade morta, escura, sem alma e sem face. Destruída pelo desamparo e descaso. Uns cidade já tão descaracterizada pela fome do setor imobiliário eu, simplesmente, destroçou a cidade, mas que o Natal traria esperança e conforto . Mas nada mais temos a não ser a desilusão e lembranças jogadas ao vento.

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