Algumas ruas e avenidas paulistanas foram transformadas em meros corredores de carros e ônibus, em soluções mal planejadas para o trânsito da cidade. Vias como as Avenidas Rangel Pestana, Celso Garcia e Santo Amaro perderam pontos de estacionamento para que pudessem escoar o trânsito .
A impossibilidade de estacionar nestas avenidas levou muitos comerciantes a perderem suas freguesias e com isso tiveram que migrar para outros endereços, transformando essas vias em locais decadentes. Outro bom exemplo de via que perdeu suas características em prol do trânsito intenso foi a Rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros. E é nesta via que encontramos estes dois sobrados geminados.
Estes sobrados, localizados nos números 1836 e 1838, são dois dos raros sobreviventes do período em que esta rua de Pinheiros ainda era estritamente residencial. A medida que o trânsito foi ficando mais caótico as residências foram diminuindo e muitas das casas ou foram demolidas para virar estabelecimentos comerciais ou foram totalmente descaracterizadas.
Estas duas casas antigas são muito bonitas e conseguem nos fazer pensar como era bem mais harmônica esta rua no passado. Hoje uma está para alugar e a outra virou um pequeno comércio de roupas. São poucos os que querem uma casa na Cardeal Arcoverde para morar, e os motivos para isso são muitos: vão desde o barulho e a poluição dos ônibus, valores dos aluguéis (ou dos imóveis em caso de compra) até a impossibilidade de receber visitas que não encontram lugar para estacionar.
Com tantas adversidades, é admirável que estas duas casas tenham sobrevivido até hoje. Apesar de terem perdido os portões originais e receberem pinturas diferenciadas (os proprietários até que poderiam combinar de pintar da mesma cor, não acham ?) ambos estão bastante preservados e mantém as fachadas intactas.
Exemplares cada vez mais raros da Rua Cardeal Arcoverde e região.
Respostas de 9
A Capa desse álbum do Johnny Alf é uma foto tirada na Cardeal em 1966, então de paralelepípedos.
http://orfaosdoloronix.files.wordpress.com/2011/10/johnny-alf-eu_e_a_brisa.jpg
“Os proprietários até que poderiam combinar de pintar da mesma cor, não acham?”. Na minha opinião, não. Ficou bonito assim, destaca das outras casas.
Adorei justamente o colorido!
Caros Senhores: Meu avô e tios moravam nesse sobrado mais ou menos em 1950, eu assistí pela TV na sala desse sobrado jogos da copa do mundo de 1958 gravados. Passei muitas festas de fim de ano alí, o quintal tinha espaço e meu avô preparava os frangos, carneiros e leitões pessoalmente no quintal da casa, os adiquiria vivos e fazia todo o preparo até a mesa, enquanto o avô não sentasse na cabeceira da mesa, ninguém tocava nada. Bons tempos e justamente o tempo promoveu a degradação total da via. Os meus tios e tia que moravam nesse endereço ainda moram nas proximidades. Caso tenham interesse poderei fornecer informações.
Que legal! Meu pai, avos e bisavós também moravam ai perto!
Em que nurmero moravam seus avos e os nomes:
Padre Carvalho, Ferreira de Araújo. Mas todo mundo ou mudou ou morreu. Eu mesma moro no exterior.
Sim, se o proprietários combinassem e pintassem as casas da mesma cor, isso as deixaria mais belas, servindo de contraponto aos imóveis com pinturas velhas ou berrantes, como neste caso. Seria uma solução de resistência cultural até, se optassem pela harmonia e o descanso para a vista que proporcionam as cores pastéis, em lugar dos tons berrantes, que despontam em imóveis a cada dia, como se servissem de acompanhamento à pressa e ao narcisismo da modernidade; cores harmoniosas, pastéis, serviriam de resgate cromático da época em que as casas foram construídas.
não dá para ver no GM, tinha um pestilento de um ônibus atrapalhando no trajeto. mas aparentemente estava no lugar.