Os estabelecimentos mais antigos de São Paulo

A memória de São Paulo traz alguns exemplos vivos de sua história antiga e, exemplo disso, são algumas dos estabelecimentos da cidade. Venha conhecer as lojas mais antigas de São Paulo.

O mundo está mudando e São Paulo também. A evolução é assim mesmo e, de algum modo, tudo acaba se alterando com a passagem do tempo, trazendo novidades incríveis e fazendo desaparecer outras coisas das quais também gostamos.

O comércio é algo que tem mudado bastante. Ao longo dos anos, com o avanço das tecnologias, o mundo todo tem se adaptado ao comércio eletrônico e se torna cada vez mais simples que cidadão comuns – como eu ou você – possamos nos lançar, com grande facilidade, na criação de um ecommerce.

A fachada da loja Doural, que está em atividade desde 1895

Essa mudança para o digital não é somente algo que as pessoas comuns estão fazendo, na busca por melhores oportunidades de trabalho mas também algo que as marcas mais proeminentes do Brasil e do Mundo estão aproveitando, para expandir seus negócios.

Ainda que o digital seja apelativo e mesmo com todos esses avanços, vamos nos apercebendo de que o mundo transporta ainda seu pendor saudosista e, por isso, no comércio tradicional das suas de São Paulo, continuamos a apreciar o toque antigo de algumas lojas que já marcam sua matriz e sua história.

Hoje, te convidamos a embarcar nessa viagem até às lojas mais antigas da cidade para conhecer aquelas que por mais tempo se mantêm operando em São Paulo. Confira alguns dos estabelecimentos mais antigas da cidade:

1. Casa Godinho (1888)

A Casa Godinho está sempre movimentada

A abertura do empório Casa Godinho aconteceu em 1888 e, desde então, essa loja criou uma longa história. As famílias paulistanas sabem, ainda hoje, que de segunda a sexta-feira podem contar com esse empório de secos e molhados para comprar seu bacalhau desfiado.

Inicialmente o empório fundado pelo imigrante português José Maria Godinho ficava no Largo da Sé, sendo transferida em 1924 para o endereço da Rua Libero Badaró onde se encontra desde então.

Tão importante é essa casa que a própria UNESCO a consideraria Patrimônio Cultural Imaterial paulistano. Ao longo de sua história, alguns nomes célebres, como Assis Chateaubriand frequentaram essa loja.

Mas não se engane! A loja também está se modernizando e conta até com um app próprio que vale a pena conferir.

2. Doural (1895)

Essa loja foi criada em 1895 por Assad Abdalla, numa das principais artérias paulistanas – a Rua 25 de Março – quando este sírio chegou a São Paulo (vide foto inicial deste artigo).

Essa loja ainda pertence, hoje em dia, a essa mesma família, sendo gerida por essa e apresentando ao público paulistano mais de 60 mil produtos.

A loja já abriu, até, uma segunda e terceira unidades na cidade paulistana para garantir que chega a todos, transportando sua imensa história na cidade. Aguarde para breve uma matéria completa com a história deste estabelecimento.

3. Padaria 14 de Julho (1897)

É impossível sair da Padaria 14 de Julho sem gastar!

Era simplesmente uma padaria quando foi criada no pequeno salão, em 1897, por Rafaelli Franciulli, um imigrante italiano.

Se especializando noutras coisas, esse espaço acabaria se tornando um empório, onde pode comprar vários antepastos e embutidos, que se expõem pendurados no teto, conferindo um ar bem rústico ao espaço.

O pão típico italiano também continua sendo comercializado, sendo que os pães recheados dessa casa e as massas frescas são ítens muito procurados pela clientela da casa.

4. Di Cunto (1935)

Estabelecimento é tradição paulistana e moquense.

Di Cunto é uma empresa familiar, também criada por imigrantes, e que trouxe até São Paulo o melhor da doçaria italiana.

Se tratando de um clássico da cidade essa loja se conceituou por iguarias como a preferida Torta Regina: doce criado com profiteroles, pão-de-ló, creme de pasteleiro e fios de caramelo.

A expansão da loja tem sido visível, havendo já outras lojas na cidade e até no Shopping Mooca Plaza. Nós já contamos com detalhes a história da Di Cunto e você pode conferir clicando aqui.

5. Livraria Calil Antiquária (1945)

Curiosidade: Os livros de nossa biblioteca são encadernados pela Livraria Calil

Em pleno funcionamento desde 1945, a Livraria Calil apresenta mais de 450 mil volumes à venda em sua loja e tem como particularidade a venda de livros raros, sendo que esses ocupam o nono andar de um charmoso prédio antigo na Rua Barão de Itapetininga.

Esse estabelecimento foi criado por um imigrante do Líbano, Miguel Calil, e demonstra bem sua paixão pela literatura. Na loja, você encontra várias primeiras edições, exemplares autografados por autores emblemáticos a também livros únicos em todo o país.

Esse espaço também é dedicado à restauração de livros e continua nas mãos dos descendentes de Calil, com sua filha, Maristela, e também seu neto. Modernizada, apesar de sua antiguidade, a loja permite que você possa conhecer os livros dessa livraria no seu espaço digital.

6. Plas (1950)

A vitrine da loja (foto: Plas/Divulgação)

Foi na década de 50 que o francês Maurice Plas abriu uma loja em seu nome na Rua Augusta, no número 724 dessa rua.

Essa loja se tornou reconhecida pelos seus acessórios, como boinas, gravatas, chapéus, coletes e outros. Rapidamente, esses artigos de luxo passaram a ser procurados por algumas das figuras mais importantes da cidade, como empresários, políticos e artistas.

A loja ainda se encontra em atividade, sendo gerida pelo filho de Plas e sua atividade passou a integrar outros artigos, como camisetas estampadas, bem modernas e ousadas.

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51 respostas

  1. Caro Douglas, bom dia. Muito bacana a matéria mas poderia ter incluído a Pizzaria Moraes nesta lista. Fundada em 1.933, no bairro da Bela Vista em São Paulo, ela faz parte da história da cidade. Foi palco de momentos marcantes e tem histórias envolvendo desde Adoniran Barbosa, Chacrinha, Roberto Carlos e até Elis Regina. Fica a sugestão. Abraços.

  2. Meu caro Douglas
    obrigado pelos seus lindos e-mails. Com 88 anos,fui office boy em São Paulo,no estribo dos
    bondes,na inauguração do primeiro Ônibus Eletrico,vejo em suas fotos,e principalmente
    as de hoje, minha infância,na terra da garôa. As suas ordens,engaiolado,aqui no Edificio
    Bretagne,aode moro a mais de 60 anos.Como livro de sua historia e muito mais.
    Abs.do
    Ari Fiadi

  3. Casa Godinho na Libero Badaró no famoso prédio Sampaio Moreira só após 1924, data de inauguração deste primeiro prédio de estrutura em concreto armado da A Latina. Surgiu em 1888 na praça da Sé.

    Esqueceram de mencionar o mais antigo restaurante de SP, o Carlini, que é de 1875 e está hoje na Rua Viera de Carvalho. Uma falha muito grande nesta reportagem…..

    1. Não se trata “de falha muito grande” basta ler o texto, não citamos TODOS os locais. O artigo é dinâmico e será ampliado aos poucos, similarmente ao artigo dos marcos da cidade que começou com 5 e hoje praticamente já catalogou todos os marcos.

  4. Estimado Douglas boa tarde. Um dos equívocos mais recorrentes quando se refere à Casa Godinho: o português José Maria Godinho foi batizado em 1883 e imigrou para o Brasil em 1897 com apenas 14 anos. Na época em que muitas publicações afirmam estar estabelecido o comércio — no então Largo da Sé — estava no local a Casas Pernambucanas. O mais provável é que a Casa Godinho tenha sido aberta em 1917. Posso enviar a cópia de sua certidão de batismo feito em sua terra natal.
    Um forte abraço.

      1. Douglas, para encerrar. Há diversas fotos do célebre fotógrafo italiano Aurélio Becherini registradas na década de 1900. Uma de 1916, mostra que a Casas Pernambucanas ainda ocupava o ponto no Largo da Sé. O provável é que o português José Maria Godinho tenha aberto sua loja em 1917 e permaneceu até 1924 quando mudou-se para o térreo do Edifício Sampaio Moreira na Líbero Badaró.

    1. Dentro da loja existe uma placa com o ano de inauguração. 1888. Esses locais costumam manter a data da primeira inauguração, mesmo que mudem de donos.

  5. Caro Douglas. Boa tarde. De todos os citados, apenas não tive o prazer de conhecer e comprar alguma coisa, na Padaria 14 de Julho e na Di Cunto. Aguardamos mais publicações a respeito.

  6. Absolutamente preciosos estabelecimentos. Só uma restrição à Livraria Calil na atualiddade, pois a senhora Maristela foi apontada em 2015 por clientes de livros, inclusive da próprio Calil como a logista mais antipática de São Paulo.

    1. Gostaria de ver isso mais de perto, se tiver um link ajuda. De pronto me permito discordar, tenho muito carinho pela Maristela que sempre foi muito atenciosa em todas as oportunidades que eu ou minha esposa estivemos na livraria atrás de algum livro.

  7. Caro Douglas, excelente reportagem. Tenho outras ideias para continuar publicando reportagens de locais tradicionais em São Paulo: tem a Casa da Boia (Rua Florêncio de Abreu), a Padaria Portuense, em São Caetano do Sul (fundada em 1921), o Instituto Coração de Jesus, em Santo André (colégio fundado em 1927 e funcionando até hoje no mesmo endereço) e as tradicionais Padaria Brasileira e Lojas Gaslar (ambas fundadas em 1953 em santo André). Abraço.

  8. Douglas parabéns pelo excelente trabalho em mostrar esses estabelecimentos comerciais do século passado ainda em pleno funcionamento, e mais, se adequando aos tempos atuais!

  9. Muito bom! Gostei. Mas faltou falar sobre o Castelinho que foi residência do Conde de Sarzedas, perto da Praça da Sé. Bem conservado até hoje.

  10. Já frequentei a Casa Godinho, recomendo o musse de chocolate…nunca comi um tão gostoso quanto o de lá!

  11. Esqueceram da casa fretin, agora em Moema?E da Casa Califórnia na R.S.Bento entre a Pça.Patriarca e a R.José Bonifácio?E a casa Orestes, terá fechado?A Priba na R.José Bonifácio esq.R.Paulo Egídio?E “El Divino Boton tb. não existe mais?”

  12. Uma sugestão é falar da padaria Santa Tereza, ela é de 1872. A mais antiga do Brasil. Fica na praça João Mendes, centro de SP.

  13. Em próximas atualizações, poderia se incluir dois colégios bem tradicionais ainda em atividade, ambos aqui da Vila Mariana: o Madre Cabrini, desde 1926, e o Maristas Arquidiocesano, fundado em 1858 na Luz, mas em funcionamento no atual endereço desde 1935.

  14. Excelente enfoque sobre verdadeiros tesouros da vida comercial e urbana de São Paulo! Parabéns!

  15. Plas: morei na dona Antonia de Queiróz de 1947, quando nasci, até 1959. Lembro dela desde que foi fundada.
    Até hoje (quer dizer, até começar a pandemia) vou na Casa Godinho quando estou no centro.
    Boas lembranças!

  16. Bem interessante. É legal saber que comércios funcionam há décadas num mesmo local, e outros até centenários.

  17. Por favor, onde posso conseguir informações sobre o endereço da Churrascaria Branca de Neve, meu pai veio do RS e trabalhou como garçom neste estabelecimento no começo dos anos 50. Ele já faleceu e eu tenho muita vontade de passar no local onde tinha tantas boas memórias…

  18. Boa tarde Douglas,
    Gostaria de Informações á respeito de uma antiga Escola Estadual nos anos 60 e 70 se chamava “Grupo Escolar Bairro Guaiaúna” E atualmente se chama “Escola Estadual Profª Rita Júlia de Oliveira” situada na Rua Mirandinha, 881 – Penha de França, Zona Leste, São Paulo

  19. A casa Godinho é simplesmente formidável, eu particularmente sou cliente a algum tempo e pelo menos a cada quinzena apareço por lá para degustar aquelas maravilhas.
    Minhas preferências são; o Bolinho de Bacalhau, Coxinha de Frango, Empada de Palmito e não poderia faltar a sensacional Queixadinha para finalizar a refeição com um Café Expresso quentinho.
    Parabéns aos proprietários e aos funcionários, pelo ótimo atendimento e cortesia com os clientes.

  20. Olá Douglas.
    Meu pai tinha um comércio na Rua 7 de Abril, no centro de São Paulo. Se chamava Churrascaria Brasileira, uma das primeiras churrascarias de São Paulo. Isso nos anos 1950. Os donos eram portugueses. Será que vc tem algum dado sobre ela.

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