A fauna brasileira escondida na Catedral da Sé

A cidade de São Paulo está constantemente sofrendo transformações urbanísticas onde o passado não é respeitado e muito menos preservado.

Podemos afirmar que vivemos em uma cidade provisória, onde mudanças são habituais. Casas antigas deram lugares a grandes prédios, hoje já antigos também, e que ainda perpetuam no cotidiano paulistano.

clique na foto para ampliar

Mas essas demolições, em nome do progresso e da modernidade, não são virtudes apenas de casas, casarões, prédios e indústrias.

Um exemplo deste processo de urbanização é a antiga Igreja da Sé inaugurada em 1764 e demolida em 1911. A inauguração da nova edificação que conhecemos hoje ocorreu em 25 de janeiro de 1954 em comemoração ao IV centenário de São Paulo, mas ela ainda não estava totalmente finalizada.

Hoje ela é denominada como Catedral da Sé e não é apenas local de peregrinação, mas também ponto turístico, um dos mais belos de São Paulo.

Vista do interior da Catedral da Sé a partir do altar.

A nova Igreja da Sé nasceu da iniciativa de Dom Duarte Leopoldo Silva, o primeiro arcebispo de São Paulo e foi projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl que também desenhou a Igreja da Consolação. Já a  maioria das esculturas que está na Catedral sairam das mãos do escultor Francisco Leopoldo Silva, irmão de Dom Duarte e autor do primeiro nu colocado em uma necrópole paulista que está no Cemitério da Consolação.

A Catedral da Sé foi palco de diversos momentos importantes que influenciaram na história do Brasil. Líderes religiosos e de diversas identidades culturais já passaram por este espaço religioso. Em 1975 foi realizado um ato ecumênico onde 8 mil pessoas se reuniram em memória do jornalista Vladimir Herzog. Sua praça, que é o marco zero de São Paulo, também foi palco do comício Diretas Já em 1984 onde os brasileiros exigiam o fim do regime militar que se arrastava desde 1964.

Em virtude da sua importância histórica, artística, cultural e turística, ela está em processo de tombamento pelo CONDEPHAAT.

A Catedral da Sé possui fachadas elevadas e aberturas ogivais que são algumas características da arquitetura neogótica, porém houve uma aculturação onde elementos da nossa fauna brasileira acabaram parando dentro do templo religioso, mas em forma de esculturas.

Nesta foto de 1940, notem os animais no topo da coluna (clique para ampliar).

Tatu, garça, lagarto e tucanos fazem parte deste complexo religioso. Eles estão em um lugar de grande circulação, porém passam despercebidos pelas pela população que utiliza o espaço. Essas esculturas não são tão pequenas e não estão em lugares tão altos. É só prestar um pouco de atenção que elas irão dar o ar da graça.

Escondidas no pequeno hall de entrada, elas estão posicionadas na primeira abóboda, uma em cada canto. Parecem que brincam de esconde-esconde. Aliás, é certo desses animais brincarem de esconder, pois correm o risco de serem extintos. Ainda bem que essas esculturas estão preservadas dentro da Catedral pois só Deus mesmo para preservar o passado!

Confira na galeria abaixo a fauna da Catedral da Sé (clique para ampliar):

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9 respostas

  1. Engraçado isso.
    O Cristianismo é uma religião mais filosófica que panteísta, mas em certos momentos existem referencias ao culto da natureza (Jesus como o Bom Pastor, o Cordeiro de Deus; o Natal no dia do solstício, etc..), e é bom que esse culto se adapte à natureza do Brasil, que é diferente da européia e da oriental. A Umbanda faz isso venerando os caboclos pena-verde, etc. além dos orixás. O artista que decorou as colunas fez muito bem em colocar animais da nossa fauna dentro da igreja.

      1. É até certo ponto uma surpresa saber desses elementos da fauna brasileira na Catedral da Sé, já que foi construída na época de D. Duarte Leopoldo e Silva, primeiro Arcebispo de São Paulo, e um católico em grande parte tradicional…

        Claro que não se trata de coisa boa haver animais na Casa de Deus, uma vez que ela é a antessala da Glória Eterna, e o mundo natural, com flora e fauna, pertence apenas à realidade terrestre. Não há animais nem plantas no Céu. Tudo em uma Igreja deve nos voltar à realidade última, longe das fantasias animistas propaladas pelos delirantes esotéricos e espíritas de todos os jaezes.

        Francisco Leopoldo e Silva, irmão do 1º Arcebispo, e escultor responsável pelas estátuas de animais da Catedral da Sé, deu vazão mais ao seu lado artístico do que à fidelidade católica, e deveria ter sido advertido pelo deslize, e rejeitadas as esculturas. São impróprias a uma Igreja Católica, e representam o naturalismo que muito tempo antes de 1954 se insinuava entre os teólogos, mas que até então tivera voz apenas entre o clero progressista, que, felizmente, era minoria…

        Esta postagem me fez relembrar, e também refletir, sobre a gama de acontecimentos históricos que teve lugar na Catedral da Sé e em seu entorno. Muitas concentrações socialistas e comunistas ocorreram no local e, vergonhosamente, com o beneplácito de autoridades da Santa Igreja, mas infiéis a seus ministérios. Muitos padres marxistas, da “Teologia da Libertação”, foram vigários e párocos da Catedral da Sé, para horror de verdadeiros católicos. Até hoje a Catedral é um reduto dos zumbis da TL. E eles muito fizeram entre os anos 70 e 80 para amplificar as bandeiras iníquas de movimentos sociais de vanguarda que hoje um número crescente de pessoas – graças a Deus – reconhece como motivo de vergonha da história de nosso país, incluindo o superestimado episódio das “Diretas Já”, no qual, artistas, intelectuais e políticos progressistas, digo, rematados vagabundos, se reuniram contra o regime militar.

        Não menos importante foi a sacrílega Missa de Réquiem “ecumênica” pelo judeu Vladimir Herzog celebrada na Catedral. O assassinato de qualquer pessoa é uma tragédia, um crime, por certo, não questiono isso. Porém, estender homenagem a um pertencente a uma religião falsa, como é o judaísmo, incorre em ofensa a Nosso Senhor Jesus Cristo, e clama sua ira contra todos nós, batizados! Valei-nos, Virgem Maria!

        Como se pode perceber, a inclusão de animais na Catedral da Sé foi o prenúncio de maiores abusos, que de fato aconteceram nos anos vindouros. Todo movimento social de vanguarda, o marxismo em seus vários matizes, seja político ou religioso, são essencialmente anticatólicos. Em primeiro lugar anticatólicos, é bom que se diga.

        O comentador acima, relativista e sem critérios, repete a cantilena dos progressistas, e se coloca ao lado do que deveria recusar. É um desorientado! Diferentemente do que afirmado por ele, o cristianismo, cuja única expressão legítima é a Igreja Católica, baseia-se em um evento público e notório, e não em uma filosofia. É Jesus Cristo no Calvário o centro da fé, e também de sua filosofia, exarada posteriormente, mas tendo sempre o mesmo ponto de partida.

        E, embora este tema seja bastante importante e rico, infelizmente foi desenvolvido com menos cuidado do que se costuma encontrar aqui no ótimo site “São Paulo Antiga”… Mesmo assim, parabenizo os seus responsáveis pelo relevante e belo trabalho que é realizado. Prossigam, que 2017 seja muito produtivo!

        1. É por conta de esse tipo de pensamento que eu prefiro nao ter religião!!
          Religião: motivo de discussões, guerras, brigas, rompimentos, ódios… prefiro seguir uma vida reta sem esse tipo de preceito.

  2. Eu ja conheço de um tempo essas esculturas, porem vcs esqueceram de mencionar a existência delas no exterior da catedral, próximo do topo da catedral existem diversas outras esculturas que podem ser vistas das ruas ao redor !

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